Polêmica sobre petróleo na Amazônia revela interesses científicos e políticos
Lula garante que Margem Equatorial será explorada, mas a ministra Marina Silva adverte que se trata de uma questão técnica, não política.
A decisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de negar a licença para a Petrobras realizar sondagens na Foz do Rio Amazonas tem gerado intenso debate. Para muitos, a recusa parece uma decisão deliberada de não querer saber o que há no subsolo amazônico. Essa é a opinião de pesquisadores dedicados ao estudo da região, conhecida como Margem Equatorial brasileira.
Luís Ercílio Faria Junior, geólogo pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e doutor em Ciências Naturais pela Universidade de Würzburg, na Alemanha, questiona a base científica da decisão. Ele argumenta que o parecer 128/2023 do Ibama, que nega o licenciamento, contém equívocos e falta de fundamentação científica. Segundo ele, a negativa se apoia em argumentos não científicos, incluindo informações contestadas publicamente, como a existência de uma extensa área de recifes de corais.
Durante uma audiência pública em Belém em 2017, Faria Junior desmentiu a alegação do Greenpeace sobre a presença de corais, explicando que os mapas geológicos oficiais indicam a existência de rochas calcárias na região. No entanto, a mesma informação equivocada foi utilizada no parecer do Ibama.
A questão levantada pelo professor é como o Ibama pode dar crédito a informações de uma ONG e desprezar estudos científicos realizados com rigor por meio de navios oceanográficos. Ele ressalta que a credibilidade dos estudos científicos, feitos com embarcações adequadas, deve prevalecer sobre dados de instituições não científicas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu recentemente a sondagem na Foz do Amazonas, afirmando que o Brasil deve explorar a margem equatorial para verificar a existência e a quantidade de petróleo na região. Lula destacou a competência da Petrobras na exploração em águas profundas, citando a descoberta do pré-sal em seu governo anterior.
Por outro lado, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, declarou que a decisão sobre a licença deve ser técnica e não política, enfatizando a importância de uma abordagem republicana e baseada em critérios científicos.
Luís Ercílio acredita que o Ibama, ao seguir informações do Greenpeace, pode estar influenciado por interesses internacionais que não desejam que o Brasil descubra petróleo na Foz do Amazonas. Ele alerta para a necessidade de o país não abrir mão da produção energética, especialmente diante da importância estratégica e soberana do fornecimento de energia.
Em um artigo recente, Allan Kardec Filho, doutor em engenharia da informação e professor titular da Universidade Federal do Maranhão, argumenta que a exploração de petróleo é fundamental para a segurança e soberania nacional, criticando as pressões internacionais para que o Brasil renuncie à exploração enquanto esses mesmos países continuam a usar fontes de energia tradicionais.
A polêmica sobre a exploração de petróleo na Amazônia continua, com argumentos científicos e políticos sendo apresentados de ambos os lados, refletindo a complexidade e a importância do tema para o futuro energético e ambiental do Brasil.