Walter Salles diz que com Lula o país retornou à democracia

O diretor Walter Salles e a atriz Fernanda Torres concederam uma entrevista exclusiva à jornalista Christiane Amanpour, da CNN, para falar sobre o filme “Ainda Estou Aqui”.Em conversa com a jornalista Christiane Amanpour, Salles revelou que a realização do longa-metragem começou anos atrás. “Levou sete anos [para fazer o filme], porque fizemos três anos de pesquisa, para fazer justiça à família, fazer justiça à cultura, à autenticidade do que estávamos retratando.”
Ele também afirmou que o longo processo de produção teve outra razão. “Mas também levou sete anos, porque, durante quatro anos, o país virou para a extrema-direita, e nunca teríamos tido a possibilidade de filmar durante esse período”, explicou. “Portanto, o filme é produto do retorno da democracia ao Brasil.”
Salles comentou ainda a relevância adicional que o filme ganhou, especialmente após a divulgação, no final do ano passado, de informações sobre um plano de golpe de Estado frustrado durante as eleições presidenciais. O fato veio à tona no mesmo período em que Ainda Estou Aqui estreava nos cinemas. “No meio do lançamento do filme, percebemos que, mais do que nunca, era um filme sobre hoje, sobre o que estava acontecendo no país neste exato momento”, afirmou o cineasta. “Tivemos a impressão de que estávamos fazendo um filme para os dias atuais e não apenas um filme voltado para o passado da ditadura brasileira”, completou.
Ainda Estou Aqui, baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, conta a história real da família do escritor, que teve seu pai, o ex-deputado Rubens Paiva, sequestrado pelo regime militar. O filme está concorrendo ao Oscar 2025 em três categorias: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda Torres. A cerimônia de premiação ocorrerá em 2 de março.