NOTÍCIASParáREGIONAL

UFPA e Norte Energia apresentam primeiro barco elétrico e sustentável da Amazônia

O catamarã "Poraquê" promete revolucionar o transporte fluvial na região, promovendo energia limpa e redução de emissões de CO₂.

Nesta terça-feira (17), foi apresentado em Belém o “Poraquê”, o primeiro barco elétrico e sustentável da Amazônia. O catamarã, resultado de uma parceria entre a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Norte Energia, é movido a energia limpa e renovável, marcando um avanço no combate à emissão de gases poluentes no transporte fluvial da região. O projeto visa descarbonizar o transporte na maior bacia hidrográfica do mundo, onde barcos movidos a combustíveis fósseis ainda são a principal forma de locomoção das comunidades ribeirinhas.

Tecnologia inovadora a serviço da sustentabilidade

O “Poraquê”, nome inspirado no peixe elétrico típico dos rios amazônicos, é um marco no desenvolvimento de soluções ecológicas para o transporte fluvial. Movido por 22 placas solares fotovoltaicas e equipado com dois motores elétricos de 12 KW, o catamarã possui uma autonomia de até 8 horas sem necessidade de recarga. Com capacidade para transportar 25 passageiros, a embarcação foi projetada para atender tanto às necessidades de mobilidade sustentável quanto aos desafios impostos pelas características dos rios amazônicos.

Além do barco, foi instalado no campus da UFPA um posto de recarga alimentado por duas mini usinas de energia solar, garantindo que o projeto seja inteiramente sustentável. A expectativa é que o “Poraquê” transporte mil pessoas por dia, ajudando a reduzir as emissões de CO₂ em até 100 toneladas por ano.

Parceria entre ciência e energia limpa

A viagem inaugural do catamarã, realizada no Rio Guamá, reuniu professores e estudantes da UFPA. O projeto faz parte do Sistema Inteligente Multimodal da Amazônia (SIMA), que também inclui dois ônibus elétricos que já circulam no campus da universidade. Esses modais, combinados, deverão reduzir em 161 toneladas as emissões anuais de gases de efeito estufa, uma contribuição significativa para o meio ambiente.

“Ao financiar o projeto, fomentamos o desenvolvimento científico na região e colocamos à disposição da população alternativas de eficiência energética. Isso reforça nosso compromisso com os objetivos da COP 30, que será sediada em Belém”, destacou Andréia Antloga, gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Norte Energia.

Desafios e conquistas

O desenvolvimento do barco envolveu uma equipe de 30 pesquisadores e alunos da UFPA, que começaram o projeto em 2019. Segundo o professor Emannuel Loureiro, diretor da Faculdade de Engenharia Naval da UFPA, o maior desafio foi encontrar tecnologias que atendessem às exigências de peso, autonomia e capacidade de transporte. “O barco é também um laboratório para a UFPA, sendo o primeiro modelo elétrico do nosso estado. Esperamos que em breve de 10% a 20% das embarcações da região passem a ser movidas por energia limpa”, afirma Loureiro.

O projeto estrutural do barco, feito em alumínio naval, precisou ser ajustado para acomodar as baterias e motores elétricos, o que resultou em uma embarcação de 7 toneladas, sendo uma tonelada apenas de baterias.

Sustentabilidade e impacto futuro

A UFPA e a Norte Energia esperam que o “Poraquê” inspire o desenvolvimento de novos veículos sustentáveis para a região amazônica, onde o transporte fluvial é essencial. A implantação de sistemas de energia limpa e renovável não só contribui para a preservação do meio ambiente, como também oferece uma solução econômica, reduzindo o custo com combustíveis fósseis para as comunidades ribeirinhas.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
Fechar