
Desde que a Starlink chegou à Amazônia, os indígenas que agora têm acesso à internet enfrentam os dilemas da vida conectada, incluindo distanciamento social, sedentarismo e até vício em pornografia e jogos violentos. O grupo indígena Marubo, que vive em cabanas ao longo do rio Ituí nas profundezas da floresta amazônica, passou a receber o serviço de internet via satélite da SpaceX há nove meses.
Os moradores locais relataram ao jornal The New York Times que os jovens estão “aprendendo os costumes dos brancos”, manifestando uma falta de interesse em atividades manuais e comportamentos mais preguiçosos. Além disso, a comunidade tem enfrentado novos desafios como fofocas em bate-papos, redes sociais viciantes, interações com estranhos online, desinformação, fraudes e golpes.
Kâipa Marubo destacou que a internet está ajudando a educar seus filhos, mas mostrou preocupação com os videogames de tiro em primeira pessoa que seus dois filhos jogam. Alfredo Marubo, líder de uma associação de aldeias Marubo, revelou que a conexão constante faz com que as pessoas nem falem mais com suas famílias, sendo a pornografia uma das maiores preocupações. Segundo ele, os jovens compartilham vídeos explícitos em bate-papos em grupo, o que é um choque cultural, pois a cultura Marubo desaprova até mesmo beijos em público. Alfredo também observou um comportamento sexual mais agressivo entre os homens jovens.
Apesar dos problemas, a internet trouxe benefícios para a comunidade, como a comunicação com amigos e parentes distantes e a possibilidade de pedir ajuda em emergências. A Starlink, de Elon Musk, fornece internet banda larga por meio de constelações de satélites, alcançando áreas remotas que antes estavam fora do alcance da internet. Atualmente, existem 66 mil contratos ativos na Amazônia brasileira, abrangendo 93% dos municípios legais da região.
A chegada da Starlink abriu novas oportunidades de emprego e educação para os habitantes da floresta, mas também trouxe desafios significativos. A adaptação à vida conectada é complexa, exigindo um equilíbrio para que os grupos indígenas possam extrair os melhores benefícios dessa tecnologia. Enquanto a internet pode ser uma ferramenta poderosa para educação e desenvolvimento, é crucial abordar os impactos negativos e promover o uso responsável da tecnologia.