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Secretário da COP30 diz que delegações estrangeiras precisam “baixar a bola”: Belém não é Baku

A menos de nove meses para o início da COP30, em novembro deste ano, o governo federal enfrenta desafios logísticos significativos para acomodar os cerca de 50 mil participantes esperados na conferência. Apesar dos esforços de expansão da rede hoteleira em Belém (PA), a cidade luta contra o aumento das tarifas de hospedagem, que preocupam tanto os negociadores internacionais quanto observadores da sociedade civil global.

Em declarações recentes ao Jornal Estado de São Paulo, o secretário extraordinário para a COP30, Valter Correia da Silva, alertou que as delegações estrangeiras precisam “baixar a bola” e ajustar suas expectativas quanto à infraestrutura de Belém para o evento. Para ele, a cidade não contará com o luxo e a estrutura das edições anteriores, como em Dubai e Baku, e sugeriu que os países repensem o tamanho das delegações para evitar sobrecarga na capacidade de hospedagem local. “É como o presidente Lula fala, as delegações precisam baixar a expectativa porque Belém ou qualquer outra cidade aqui não é uma Dubai, que não é uma Baku”, disse.

Correia também destacou as limitações estruturais da cidade, afirmando que, embora Belém esteja se preparando para a conferência, há desafios que não podem ser resolvidos rapidamente. “Tem coisas que não têm solução da forma como gostaríamos. Nós não podemos criar cem novos hotéis de repente, nem ampliar o aeroporto e suas pistas. Há um limite.”

A preocupação com a especulação imobiliária e os preços elevados das diárias nos hotéis também foi abordada por Correia, que anunciou a contratação de dois grandes navios de cruzeiro para servir como hospedagem temporária no Porto de Outeiro. Além disso, novos empreendimentos hoteleiros, como unidades das redes Tivoli e Vila Galé, e um hotel modular no Parque da Cidade, estão sendo instalados. “Nós estamos criando os hotéis possíveis em áreas possíveis. Não dá para transformar Belém numa Baku em um ano. Mesmo o aeroporto, ele é limitado. Eu não consigo ampliar o aeroporto, fazer mais pistas. Não há como a gente fazer essas coisas. Tem um limite”, afirmou.

Enquanto isso, os preços das hospedagens em Belém seguem em níveis muito acima do esperado, com valores de aluguel que chegam a R$ 3 milhões para os 12 dias do evento, como mostrou a Deutsche Welle.

A organização da COP30 também se preocupa com o impacto do evento na mobilidade urbana. Para mitigar o tráfego, está sendo desenvolvido um plano de mobilidade que inclui faixas exclusivas e vias inteligentes, além de um incentivo ao home office para reduzir o fluxo de veículos no centro da cidade. A decisão de suspender as aulas nas escolas durante o evento visa diminuir ainda mais a circulação de pessoas nas ruas. Correia também garantiu que Belém será “o lugar mais seguro da América Latina” durante a COP30, com o reforço das forças de segurança federais, estaduais e internacionais. A negociação com companhias aéreas para ampliar a oferta de voos também está em andamento.

Em relação à importância do evento, Correia enfatizou que a realização da COP30 em Belém é uma oportunidade única para discutir o futuro climático global na Amazônia. Ele ainda comparou os desafios logísticos de Belém aos de outras grandes cidades brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Lula sobre os desafios hoteleiros

Na semana passada, diante da possibilidade de escassez de opções de hospedagem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou a questão, afirmando que a COP30 será realizada em Belém “do jeito que for”. Durante uma visita à capital paraense, para a entrega de unidades do Programa Minha Casa, Minha Vida, Lula disse: “Se não tiver hotel cinco estrelas, durma em um de quatro. Se não tiver de quatro, durma em um de três. Se não tiver de três, durma na estrela do céu do mundo, olhando para o céu, que vai ser maravilhoso”. Ele ainda ironizou, afirmando: “A COP é um evento da ONU. E a ONU escolheu o Brasil, que escolheu o Pará, que escolheu Belém. ‘Ah, mas em Belém não tem hotel.’ É bom que não tenha. É bom que eles tomem picada de carapanã”, concluiu.

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