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Pés para trás e olhar para frente: o simbolismo do Curupira, mascote da COP 30, e a ignorância de quem o ridiculariza

Figura central do folclore amazônico, Curupira representa proteção, sabedoria indígena e resistência contra destruidores da floresta. Comentário de deputado revela desconhecimento e desrespeito à cultura brasileira.

O anúncio do Curupira como mascote oficial da COP 30, que será realizada em Belém, reacendeu o orgulho amazônico pela valorização da cultura regional. Mas também revelou o despreparo de figuras públicas que desconhecem – ou desdenham – o significado profundo das nossas tradições.

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) publicou uma provocação nas redes sociais:

“Excelente escolha pra representar o Brasil e nossas florestas: anda pra trás e pega fogo.”

A fala gerou críticas imediatas e escancarou o que muitos apontam como ignorância sobre o folclore brasileiro, especialmente o da Amazônia.

O que significa o Curupira?

O Curupira é uma figura ancestral das lendas indígenas, presente em narrativas de toda a floresta amazônica. Ele é conhecido por ter cabelos vermelhos como o fogo e pés virados para trás, o que não é um defeito ou piada, mas um símbolo poderoso:

Os pés para trás confundem os invasores da floresta, pois deixam rastros invertidos. Assim, quem tenta perseguir o Curupira ou os animais que ele protege, se perde. É um truque de sabedoria ancestral que representa resistência, estratégia e proteção.

Na visão dos povos originários, ele é o guardião da floresta, defensor incansável contra caçadores, madeireiros, grileiros e outros destruidores do meio ambiente.

Por que ele é o mascote da COP 30?

A COP 30 será a primeira conferência climática da ONU sediada no coração da Amazônia. A escolha do Curupira como mascote não é aleatória: ela simboliza a defesa da floresta, a valorização dos saberes indígenas e a luta por um futuro sustentável.

Segundo o Itamaraty, a intenção do governo é mostrar ao mundo que o Brasil carrega em sua cultura a consciência ambiental muito antes de qualquer cúpula internacional. O Curupira sintetiza isso com perfeição.

Ignorância, preconceito e apagamento cultural

A fala de Nikolas Ferreira é parte um comportamento frequente da direita “patriota”: o uso do deboche para atacar símbolos da cultura popular, especialmente os ligados às regiões Norte e Nordeste. O desprezo por uma figura mítica amazônica também é uma forma de invisibilizar saberes indígenas e deslegitimar vozes da floresta.

O folclore não é fantasia — é história, identidade e resistência. E o Curupira não anda para trás: ele despista os destruidores e avança com sabedoria.

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