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Paraense é vítima de xenofobia durante viagem a uma cidade de Santa Catarina

Carina Mendes é uma mulher indígena do povo Borari, da vila de Alter do Chão, e mora em Porto Alegre (RS), com seu marido. A mesma estava em Santa Catarina a passeio e se dirigiu a cidade de Rio do Sul para fazer compras.

Print do story do Instagram onde a vítima relata o que aconteceu.

“Fui comprar uma água em um lanche do centro de Rio do Sul e tinha um anúncio de açaí e cupuaçu. Fiquei feliz por ver algo da terra em outro estado. Eu disse açaí e cupuaçu e a pessoa respondeu que sim e é puro. Eu disse: não tem guaraná misturado? E o homem respondeu olhando para meu rosto ‘quem é do Norte poderia ficar no Norte'”,

Ao receber essa resposta, Carina indagou: “então o açaí deveria ficar no Norte né?”, e o vendedor respondeu que as pessoas do Norte vão para o Sul em busca de melhores oportunidades, e reclamou sobre os vendedores de açaí do Pará.

“Vendem o açaí muito caro pra nós e tem açaí em toda esquina lá. E se você vem para o Sul tem que comer o que tem no Sul. Se vem para o Sul tem que ser o que o Sul é. Eu sei que te magoei”.

Em resposta, a vítima disse que o vendedor deveria então comercializar produtos que eram da sua região, “açaí e cupuaçu são do Norte e devem ficar lá, venda morangos”.

Carina disse que está muito triste após o ocorrido e que não se sente segura, “não consegui olhar nos olhos de ninguém mais na cidade, eles sabem que não sou daqui, medo é o sentimento que sinto de andar nas ruas”. 

Xenofobia é crime previsto em lei, a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, em seu Artigo 1° está escrito que serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” e no Art. 20 diz que  praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, a pena para esse crime é a reclusão de um a três anos e multa. 

A vítima disse também que já havia sido seguido dentro de lojas e em supermercados, mas esse caso foi o que mais a abalou psicologicamente.

“Fiquei pensando o quanto nós recebemos bem essas pessoas que vem do Sul morar no Pará. Mas existem pessoas que moram em Santarém e Alter, por exemplo, que estão desmatando e plantando soja, no garimpo, ou no turismo. Nós não fazemos esse tipo de fala preconceituosa com essas pessoas. Chorei pela minha cor, chorei pelo meu rosto, chorei de indignação”, desabafou.

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