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Obras de duplicação da Rua da Marinha, em Belém, estão suspensas por decisão judicial

Paralisação expõe entraves ambientais e disputa de competências entre Estado e Município

Por Dedé Mesquita

A duplicação da rua da Marinha em Belém é um projeto que faz parte das obras para preparar a cidade para a Conferência das Partes da ONU, a COP 30, em novembro de 2025. O projeto prevê a interligação da rodovia Augusto Montenegro e da avenida Centenário, em uma extensão de 3,5 quilômetros, ao valor de R$ 144 milhões. Também prevê um novo acesso ao estádio Mangueirão, mas as obras estão paralisadas, desde o início de novembro, por conta de uma decisão da Justiça do Pará.  

O projeto foi firmado entre o Governo do Estado do Pará e a Marinha do Brasil. A União transferiu ao estado do Pará uma área de 255.259,29 m², avaliada em R$ 74,4 milhões, que inclui parte do terreno onde está localizado o 2º Batalhão de Operações Ribeirinhas.  

Maquinas continuam na ativa nesta quinta feira(07) após ordem judicial de paralização da duplicação da Rua da Marinha em Belém do Pará. A decisão foi divulgada nesta terça-feira (6). Nela, o juiz Raimundo Santana, da 5ª Vara da Fazenda Pública e Tutelas Coletivas, concedeu uma liminar em resposta à ação civil pública movida pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), determinando a paralisação imediata da obra devido a falta de licenciamento ambiental. Mesmo com a ordem o governo do Pará manteve as maquinas ativas e homens trabalhando . Foto aérea(produzida de drone)

Obras suspensas – No entanto, as obras foram suspensas por falta de licenciamento ambiental, por determinação do juiz Raimundo Santana, da 5ª Vara da Fazenda Pública e Tutelas Coletivas.  

O órgão competente para emitir as licenças ambientais é a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), de responsabilidade da Prefeitura de Belém, mas as licenças foram assinadas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), que é do Governo do Pará. 

Despacho do juiz – No dia 5 de novembro, o juiz Raimundo Santana deferiu liminar à Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) e determinou a paralisação imediata das obras de duplicação daquela via, realizadas sem licenças ambientais emitidas pelo Município.  

Maquinas continuam na ativa nesta quinta feira(07) após ordem judicial de paralização da duplicação da Rua da Marinha em Belém do Pará. A decisão foi divulgada nesta terça-feira (6). Nela, o juiz Raimundo Santana, da 5ª Vara da Fazenda Pública e Tutelas Coletivas, concedeu uma liminar em resposta à ação civil pública movida pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), determinando a paralisação imediata da obra devido a falta de licenciamento ambiental. Mesmo com a ordem o governo do Pará manteve as maquinas ativas e homens trabalhando . Foto aérea(produzida de drone)

A multa diária aplicada em caso de descumprimento foi de R$ 100 mil até o limite de R$ 2 milhões. Com base na decisão, a Semma anunciou a fiscalização no local da obra para proceder o embargo e a aplicação de multa administrativa. No mesmo despacho, o juiz aceitou os pedidos da Prefeitura de Belém e da Associação de Moradores do Conjunto Médici (AMME) para ingressarem no polo ativo da ação, ou seja, para se tornarem co-autoras do processo. 

 O juiz reconheceu que o órgão competente para emitir as licenças ambientais para a duplicação da rua da Marinha é a Semma ao invés da Semas, do Estado, que assinou as licenças para o início das obras. É competência da Semma emitir a Licença de Instalação, a Licença Prévia e a autorização para a supressão vegetal necessárias para esse tipo de empreendimento. 

 Projeto – A nova rua da Marinha terá duas pistas com sentido duplo, cada uma delas composta por três faixas de rolamento, ciclofaixa e passeio com acessibilidade. De acordo com o projeto, serão transplantadas árvores da área atual para os canteiros centrais, como parte das condicionantes para o licenciamento ambiental, que foi emitido pelo Governo do Estado e não pela Prefeitura de Belém.  

A via contará com uma rotatória sobre o canal São Joaquim, que interligará a rua da Marinha com a Perna Norte, que forma o Complexo do Mangueirão, reduzindo o tempo de viagem em relação ao que se observa atualmente.  

Um vídeo-denúncia que circulou essa semana mostra como foi o início das obras na rua da Marinha em setembro passado. “Essa é a COP do governador Helder Barbalho. Nas imagens, a abertura da rua da Marinha, já bem desmatada. Coitados dos macaquinhos todos acuados”, diz a mensagem que acompanha o vídeo. 

Danos ambientais – Antes do início das obras, a Semma já havia negado o licenciamento, porque o empreendimento invadia os limites do Parque Ambiental Gunnar Vingren, pertencente ao município.  

O projeto foi alterado pelo Governo do Estado, antes de ser iniciado a obra, mas, mesmo assim, o juiz concluiu que o novo traçado da via irá afetar o Parque Municipal por impor supressão vegetal e retirada de animais silvestres de área limítrofe, além de atingir área contígua com exemplares de flora e fauna e olhos d’água a serem afetados, o que irá prejudicar diretamente o parque.  

 “Ainda que a parte física da obra não incida sobre o interior do parque Gunnar Vingren, há evidente sinal de agressão a um território que deve ser juridicamente protegido, tanto por seu interesse ambiental quanto por seu viés estritamente ecológico. Com efeito, é facilmente perceptível que a área na qual haverá supressão vegetal, em termos ecológicos, tem/t inha uma conexão intrínseca com a área do parque ambiental”, diz o despacho do juiz.  

“Portanto, a supressão de cerca de 34 hectares de vegetação, mesmo que efetuada fora dos limites do parque, tem o condão de afetar negativamente todo aquele ecossistema, especialmente se for considerado que a área do parque compreende cerca de 44ha. Em outras palavras, a área de vegetação adjacente que será suprimida corresponde a mais de 70% da área do parque, sendo manifesta a perda ecológica”, continua o juiz.   

 Ao reconhecer que a obra causará danos ecológicos no parque e no entorno, o juiz Raimundo Santana declara que o Governo do Estado deveria ter apresentado o estudo e o relatório de impactos ambientais (Eia/Rima), com a escuta da comunidade do entorno da obra e do parque, além de assegurar a compensação do impacto ambiental a ser causado pelo empreendimento.  

Obra será retomada – O que se comenta é que o Governo do Pará obedeceu a ordem judicial e nem se preocupa com as obras paralisadas: a partir de 1 de janeiro de 2025, com Igor Normando, do MDB, à frente da Prefeitura de Belém, as autorizações da Semma serão “quase imediatas”.  

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