
Uma jovem autista de 19 anos teve 17 dentes extraídos durante um procedimento odontológico no Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), localizado no bairro do Telégrafo, em Belém (PA). A denúncia foi feita pela irmã da paciente, que acusa a equipe médica de negligência e classifica o caso como um “ato criminoso”.
Segundo os familiares, a jovem, identificada como Juliana, realizava acompanhamento odontológico regular na unidade de saúde e teria sido levada para um procedimento simples de limpeza e restauração. No entanto, ao sair da cirurgia, ela retornou sem os dentes, sem que houvesse qualquer autorização por parte da mãe, que a acompanhava no local.
Essa é a Juliana. Ela tem 19 anos, é autista, linda, meiga — minha única irmã. E foi vítima de uma negligência médica, que eu classifico também como ato criminoso, no CIIR, onde fazia tratamento odontológico há anos. No dia 17 de junho, Juliana entrou no bloco cirúrgico para fazer um procedimento simples: limpeza e restauração dos dentes. Mas, quando saiu, estava sem os 17 dentes da boca. Crueldade? Negligência? Segundo a diretora da equipe odontológica, isso seria “normal”. Ela disse que o procedimento já tinha sido feito várias vezes em outras crianças e adolescentes com TEA, e que Juliana não foi a primeira. Relatou que outros pacientes já haviam tido todos os dentes arrancados. Ela falou isso com naturalidade. O dentista, durante toda a conversa, não levantou a cabeça. A diretoria do CIIR apenas repetia que iria “ajudar”, mas não deixaram que tirássemos fotos, nem nos entregaram o prontuário. Também não permitiram que víssemos a quantidade de dentes extraídos. Nenhum suporte. Nenhuma explicação. Quando questionei por que aquilo foi feito, a resposta era que, durante a cirurgia, o dentista viu necessidade de extrair os 17 dentes. Mas ele não pediu autorização. Não comunicou nada à minha mãe, que aguardava do lado de fora, conversando com o auxiliar — que também não mencionou nada sobre extrações. Minha irmã saiu traumatizada. Nossa família inteira está. Juliana, aos 19 anos, agora está sem dentes, com um dano irreversível e uma dor que jamais será esquecida, comentou a irmão Izabella Martins nas redes sociais.
O caso ganhou repercussão digital e gerou comoção. A hashtag #JustiçaPorJuliana começou a ser utilizada por internautas como forma de mobilização e protesto.
Governo determina investigação e afastamento
Diante da repercussão, o governador do Pará, Helder Barbalho, se manifestou sobre o caso e determinou o afastamento imediato do profissional envolvido, além da abertura de investigação para apurar os fatos.
“É muito grave a denúncia de que uma jovem com autismo severo teve dentes extraídos sem autorização da família em um equipamento público do Estado. Já determinei imediato afastamento do profissional envolvido e abertura de investigação para esclarecer o caso e punir todos os responsáveis. A prioridade agora é prestar todo apoio à jovem e à sua família”, afirmou o governador nas redes sociais.
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