
A cidade de Belém, que sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) em novembro de 2025, poderá ser reconhecida temporariamente como a capital do Brasil. A proposta foi apresentada pela deputada Duda Salabert (PDT-MG) e recebeu apoio do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB-PA).
Se aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a medida repetirá um gesto simbólico ocorrido em 1992, quando o Rio de Janeiro foi designado capital durante a ECO-92. Segundo o advogado Helso Ribeiro, a iniciativa reforça a importância da Amazônia na pauta ambiental internacional.
“A COP30 transformará Belém em um centro mundial de debates ambientais, como já ocorreu em outras cidades que sediaram o evento, como Lima, Doha e Marrakech”, afirma Ribeiro. Ele destaca que a transferência temporária da capital não altera a estrutura do governo federal, mas simboliza o compromisso ambiental do país.
A presença de lideranças dos Três Poderes em Belém durante a conferência poderá ampliar a visibilidade de questões ambientais urgentes. Entretanto, qualquer tratado assinado pelo Brasil na COP30 ainda precisará de ratificação do Congresso para ter validade legal.
Impactos econômicos e sociais
A realização da COP30 em Belém deve impulsionar a economia local, especialmente nos setores de turismo, hotelaria e alimentação. De acordo com o internacionalista Lucas Moraes, a chegada de delegações internacionais, jornalistas e visitantes interessados na cultura paraense pode gerar oportunidades para grandes empresas e pequenos comerciantes.
“A demanda por serviços como transporte, hospedagem e alimentação aumentará significativamente, beneficiando diversos setores da economia”, afirma Moraes.
Por outro lado, especialistas alertam que a desigualdade social pode se agravar com a valorização econômica em áreas específicas da cidade. Belém enfrenta problemas estruturais como a falta de saneamento básico para mais da metade da população e a vulnerabilidade de comunidades em situação de risco.
“O risco é que a valorização econômica exclua as populações mais pobres, que terão dificuldade em acompanhar o aumento de preços gerado pela alta demanda”, pondera Moraes.