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Desigualdade social em Belém atinge níveis recordes nos primeiros meses do governo Edmilson

O Brasil é reconhecidamente uma das nações mais desiguais do mundo, entretanto, dentro do seu território, as cidades apresentam níveis diferentes de realidades. Quando se amplia apenas para as capitais e suas regiões metropolitanas é possível traçar uma linha dividindo as mais desiguais das menos desiguais: as capitais localizadas nas regiões Norte e Nordeste estão entre as que apresentam maiores níveis de desigualdades ao passo que, as localizadas no Centro-Sul, estão entre as menos desiguais.

Em Belém o cenário não é nada animador. Segundo o levantamento feito pelo Observatório das Metrópoles, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e com o Observatório da Dívida Social na América Latina (RedODSAL), a capital paraense atingiu os maiores níveis de desigualdade de renda na série histórica elaborada pelo estudo. Belém é hoje a capital mais desigual da região Norte do Brasil.

Evolução do Coeficiente de Gini nas Regiões Metropolitanas da região Norte.

O alcance do recorde histórico negativo acontece justamente nos primeiros meses do governo Edmilson Rodrigues, eleito após apresentar projetos para, supostamente, reduzir o nível de pobreza em Belém, a exemplo do “Bora Belém”, mas que até agora não apresentou resultados satisfatórios.

No conjunto das metrópoles mais desiguais no 1º trimestre de 2021, com Gini acima da média, temos, em ordem decrescente de desigualdade de renda: João Pessoa, Rio de Janeiro, Recife, Aracaju, Salvador, Maceió, São Paulo, Belém, Fortaleza e Natal.

Elevação do índice de Gini nas Regiões Metropolitanas.

O estudo mostra ainda que os 40% mais pobres da Região Metropolitana de Belém viram seu rendimento médio reduzir em 22,5% nos primeiros meses de 2021, o que ampliou a distância entre pobres e ricos. Aqui em Belém os 10% mais ricos possuem uma renda 38,9 vezes maior que o rendimento médio dos 40% mais pobres.

Além disso, 33,15% da população da Região Metropolitana de Belém vive em domicílios com rendimento abaixo de 1/4 de salário mínimo.

Em relação a anos de estudos, a região metropolitana alcançou 11,7 anos médios, único indicador que teve melhora.

Pandemia

Segundo Andre Salata, professor da PUCRS e também coordenador da pesquisa, com os dados referentes ao primeiro trimestre de 2021, os pesquisadores tiveram condições de analisar o que ocorreu nas regiões metropolitanas ao longo de quatro trimestres, ou seja, um ano, desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil.

“Os resultados são desanimadores. A desigualdade alcançou seu maior nível, a renda regrediu para níveis do início da série, diminuindo especialmente entre os mais pobres, e milhares de famílias caíram para estratos de rendimento extremamente baixos. Os números que trazemos expressam o que qualquer morador destas regiões percebeu ao longo do último ano, com o aumento sensível do número de pedintes, desempregados, vendedores ambulantes e pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade”, ressaltou Salata, que complementa, afirmando que “em um cenário de diminuição acentuada da renda média, e de uma piora substantiva na sua distribuição, o resultado não poderia ser diferente, fazendo milhares de famílias caírem para estratos de rendimentos mais baixos”.

Conforme Salata, o aumento das desigualdades no Brasil, mais especificamente nas metrópoles, já vinha ocorrendo desde 2015. “Já partimos de um patamar extremamente elevado. No último ano, no entanto, há um enorme salto nessa desigualdade, fruto de um contexto em que quase todos perdem, mas os mais pobres perdem relativamente muito mais. O resultado é que, enquanto no início de 2020 os 10% do topo da distribuição de renda ganhavam, em média, 29,6 vezes mais do que os 40% da base da distribuição de renda em nossas metrópoles, agora eles ganham 42,3 vezes mais. Portanto, hoje nossas metrópoles são muito mais desiguais do que eram no primeiro trimestre de 2020”, informa o coordenador do estudo.

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