
Considerado uma relíquia, o coração de D. Pedro I será trasladado de Portugal para o Brasil e será um dos pontos altos da festa do bicentenário da Independência, em setembro de 2022. Está tudo pronto e a contagem regressiva já começou para as comemorações.
A igreja Nossa Senhora da Lapa, fundada em 1779 na cidade portuguesa do Porto, tem cinco chaves. A primeira delas destranca uma pesada placa de cobre. A segunda e a terceira removem duas proteções gradeadas de ferro. Agora, já se vê um cofre, e ele será aberto com a quarta chave. Mais uma fechadura. E eis que a quinta dá acesso a um vaso de prata no qual há um recipiente de vidro e, em seu interior, guarda-se um coração. É o coração da Independência do Brasil: é o coração, mumificado e conservado em alta concentração de formol, de Dom Pedro I.
O coração de D. Pedro I poderá viajar até ao Brasil para ser exibido nas comemorações do bicentenário da independência do país. A viagem, debatida há mais de um mês, teve agora a concordância do presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira.
A decisão foi tornada pública na quarta-feira, dia 22 de junho, em conferência de imprensa, por Moreira, que apontou que o traslado temporário depende de garantias de transporte e conservação que terão de ser acertadas entre os governos português e brasileiro.
Autorização – A autorização dada pela cidade do Porto – e pela Irmandade da Lapa, da Igreja que guarda o tesouro – teve que esperar por uma avaliação do Instituto de Medicina Legal local. O temor dos portugueses é de que a que a viagem pudesse danificar o coração conservado há quase dois séculos.
“O relatório da perícia ainda não está totalmente concluído, mas já nos foi assegurado que o coração poderá ser transladado temporariamente para o Brasil”, confirmou Rui Moreira.
O episódio do empréstimo do coração de Pedro I (conhecido em Portugal como Pedro IV) começou meses atrás, quando o embaixador brasileiro George Prata oficializou o pedido para o traslado.