Carrefour Brasil aposta em carne rastreada do Pará e investe em programa estadual de pecuária sustentável
Grupo varejista vai aplicar R$ 10 milhões em parceria com a JBS para identificar individualmente o rebanho paraense até 2026; iniciativa prevê apoio técnico a pequenos produtores e comercialização de carne rastreada nas lojas do grupo

O Grupo Carrefour Brasil oficializou, na última quinta-feira (24), sua adesão ao programa Pecuária Sustentável, iniciativa do Governo do Pará que pretende rastrear individualmente todo o rebanho bovino do estado até dezembro de 2026. O investimento inicial do grupo será de R$ 10 milhões, somando esforços com a JBS, que também participa do programa ao lado de outros frigoríficos como o Rio Maria e o Mafrinorte.
Com mais de 25 milhões de cabeças, o Pará tem o segundo maior rebanho bovino do país e já iniciou a aplicação dos brincos eletrônicos em setembro do ano passado, marcando os bois com dispositivos visuais e digitais que permitem rastrear toda a trajetória dos animais — inclusive nos fornecedores indiretos, um dos maiores gargalos da rastreabilidade.
A iniciativa também prevê apoio gratuito a pequenos e médios produtores, com serviços de assessoria para a regularização fundiária e ambiental das fazendas. O objetivo é garantir que todos os elos da cadeia de produção — especialmente os menores — estejam incluídos na transição para uma pecuária mais sustentável e transparente.
Segundo o governador Helder Barbalho, o programa representa um esforço conjunto para aliar produtividade, controle ambiental e inclusão social. “Queremos garantir que, nessa transição, ninguém fique para trás. E o resultado já começa a aparecer: em março, o Pará registrou a menor área com alertas de desmatamento desde 2019”, afirmou.
Para a diretora sênior de sustentabilidade do Carrefour, Susy Yoshimura, a iniciativa reforça o compromisso do grupo com práticas sustentáveis. “É uma transformação real, que só acontece com colaboração entre setor privado, poder público e sociedade civil. Queremos mostrar que é possível produzir carne com responsabilidade”, disse.
Inicialmente, as 10 lojas do grupo no Pará, sob a bandeira Atacadão, serão as primeiras a comercializar produtos com certificação do programa estadual. A expectativa é que, com o avanço da rastreabilidade, a carne rastreada produzida no Pará possa ser vendida em outras unidades da federação, inclusive no extremo sul do país.
A JBS, que possui unidades de produção de carne e couro no estado, também firmou seu compromisso com o programa, destacando investimentos anteriores como os R$ 5 milhões no Fundo Amazônia Oriental, e os R$ 43,3 milhões prometidos para qualificar a pecuária paraense nos próximos três anos. A empresa também atua com os Escritórios Verdes, que prestam assistência técnica a produtores interessados em regularizar suas propriedades.
Outro destaque é o frigorífico Rio Maria, com sede no sul do Pará, que criou seu próprio protocolo de rastreabilidade (Primi) em 2023. Em parceria com empresas como o curtume gaúcho Durlicouros e o Itaú Unibanco, o frigorífico já certificou mais de 40 fazendas e aplicou 113 mil brincos eletrônicos. “A rastreabilidade é uma exigência do futuro. Produzir com responsabilidade agrega valor à carne e ao couro”, afirmou o presidente Roberto Paulinelli.
Com a adesão de grandes grupos e apoio público, o Pará desponta como referência nacional em pecuária sustentável, associando inovação, inclusão e compromisso ambiental. A proposta deve ganhar ainda mais destaque com a proximidade da COP 30, prevista para ocorrer em Belém, em 2025.