Cancelar uma celebridade ou pessoa comum nas redes sociais, acontece quando várias pessoas deixam de curtir ou segui-la por ato ou frase politicamente incorreta que tenha feito ou dito. Cancelar é semelhante a uma pena de banimento temporário: o censor “lacra”, dando uma bela lição de moral de como agir, falar ou se comportar em relação a uma minoria, e o censurado, se quiser retornar, faz um consternado mea culpa em público.
Devo chamar Pablo Vittar de “cantora” ou cantor? É correto ou não uma mulher branca usar turbante? É correto usar a palavra “denegrir”? Não me perguntem que não sei.
O que sei é que não precisa ser nenhum gênio social para intuir que esse papo de “politicamente correto” é uma tremenda roubada. Se é certo que fez com que deixássemos de contar piadas de negros, por exemplo, tão comuns nos anos 80, não é menos certo que “cagar regras” a torto e a direito acaba por transformar o censor no próprio opressor, digno de um puxão de orelha, afinal, quando se trata da moral social não existe concurso para juiz.
Foi o que aconteceu quando, no programa Encontro, exibido pela Globo, os atores Andréia Horta e Bruno Ferrari tentaram “enquadrar” uma senhora da plateia, dona Regina, que, chamada a opinar, se manifestou contra a performance de um homem nu à crianças em exposição no Museu de Arte Moderna (MAM) em São Paulo (SP).
Os internautas logo voltaram-se a favor da idosa e contra os globais.
Em outra situação no mesmo programa, a atriz youtuber Kéfera, tentou lacrar em cima de um rapaz da plateia que fora chamado a dizer o que pensa sobre o feminismo. Sem quase deixar o rapaz opinar, a youtuber partiu pra cima acusando-o de mainsplaining, manterrupting e de não ter lugar de fala.
Nem precisa dizer que o feitiço voltou-se contra a feiticeiro. No caso, feiticeira, branca, rica, celebridade e muito mais eloquente e articulada que o rapaz da plateia.
Big Brother – A bola da vez agora é o Big Brother Brasil e uma de suas participantes, a rapper Karol Conká.
Para começar, o programa tem se tornado uma verdadeira guerra de lacrações e cancelamentos. Acusações de machismo, racismo e transfobia são naturais entre os participantes confinados na casa.
Em uma da mais recentes “tretas”, Fiuk, o filho do cantor Fabio Jr. teve que, aos prantos, pedir desculpas ao Brasil em rede nacional por ser homem, branco e hétero. Tudo isso porque foi acusado de transfobia ao passar maquiagem no rosto, junto com outros participantes homens, e fazer gestos afeminados.
Mas como eu disse acima, nesse negócio de politicamente correto, um dia se é pedra, em outro vidraça.
Conká – Karol ConKá, conhecida por “lacrar” em assuntos referentes a preconceitos contra o negro, a mulher e à favela, confinada na casa, acabou por se tornar uma obsessiva e cruel perseguidora de um outro participante, Lucas Penteado.
Só para se ter uma noção dos abusos e violência que Karol tem praticado contra o rapaz, além dos insultos que ele precisa ouvir todos os dias, nem as refeições pode fazer junto com os outros participantes. Karol, como juíza e censora, condenou Lucas ao isolamento e ao tratamento desumano, e ai de quem desobedecer as ordens da moça.
Não deu outra, Karol vem perdendo contratos como com o programa do canal GNT que a rapper apresentaria. Nos últimos dias já perdeu mais de 353 mil seguidores no Instagram e vem sendo “cancelada”, para usar o jargão, por celebridades que antes lhe eram próximas, como Jojo Todinho, Neymar e Ludmilla e se tornando a pessoa mais odiada do Brasil.
O tal desconhecido Lucas, por outro lado, que dentro da casa está isolado, sem saber, fora dela está conhecendo o sucesso nas redes sociais. Seus seguidores já passam de 300 mil no Instagram, superando a própria lacradora Karol Conká.