Coluna

Úrsula, a raposa e as uvas

La Fontaine certamente entrará para história como um dos maiores contadores de fábulas, cuja maestria neste gênero literário talvez seja comparável somente a Esopo. Em uma de suas mais famosas fábulas “A Raposa e as Uvas”, uma raposa faminta tenta insistentemente alcançar um apetitoso cacho de uvas. Sem conseguir, diz a todos, com desdém, que não queria as uvas por estarem estragadas. O moral da história é que “É fácil desprezar aquilo que não se pode obter“.

Não posso deixar de notar que a fábula parece se encaixar como uma luva no drama que a ex-pré candidata Úrsula Vidal está vivendo.

Cotada para ser o “Plano A” dos barbalhistas para concorrer à disputa da Prefeitura de Belém em 2020, Úrsula bem que tentou o apoio de PT e de outro partidos, mas dormiu no ponto e não se deu conta de que, como ordenadora de despesa, teria que ter largado a Secretaria de Cultura (Secult-PA) até dia 04 de junho, prazo previsto na Lei Eleitoral.

Acontece que a secretária de cultura fiou-se que, com o adiamento das eleições municipais para os dias 15 e 29 de novembro, feito por meio da Emenda 107/2020, com ele também haveria modificação dos prazos. Apostou e apostou errado. Os prazos não mudaram.

Para tirar qualquer dúvida, Úrsula chegou a fazer uma consulta pública ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) questionando acerca do tema. A resposta do Tribunal foi um banho de água fria nas esperanças da apresentadora.

O que disse Úrsula depois que escutou um retumbante “não” do TSE? Publicou uma nota em que afirmou estar “desistindo” e “abrindo mão” de disputar as eleições municipais de 2020.

Ora, “desistir” pressupõe “poder fazer algo”, o que não é bem o caso desta situação. Mas continuemos…

A narrativa construída pelo bloco barbalhista e militantes é que a secretária teria escolhido permanecer no cargo para trabalhar na discussão e aplicação da Lei Aldir Blanc, que garante renda emergencial para profissionais de arte e cultura.

Me conte outra, vá!!!! Neste caso, por que faria consulta ao TSE se já havia desistido da disputa?

O que acho é que, assim como na fábula do La Fontaine e nas palavras do ditado popular “todo aquele que desdenha quer comprar”, sejam uvas ou a cadeira do palácio Antônio Lemos.

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