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Sucessivas camadas de asfalto comprometem urbanismo, qualidade do pavimento e locomoção em Belém

Ausência de fresagem e preparo adequado da base agrava problemas estruturais nas vias, eleva o nível das ruas acima das calçadas e expõe a fragilidade das obras públicas na capital paraense.

Durante décadas, o asfaltamento foi utilizado como símbolo de desenvolvimento urbano em Belém. No entanto, a prática recorrente de aplicar novas camadas de asfalto sobre o pavimento antigo, sem fresagem ou correção do subleito, tem gerado impactos negativos no urbanismo, na durabilidade das vias e na mobilidade da população.

As consequências já são visíveis em diversos pontos da cidade: trincas, afundamentos, poços de visita desnivelados e calçadas soterradas por níveis elevados de asfalto. O problema é grave em áreas históricas e de grande circulação, como o entorno do Ver-o-Peso, as imediações da Prefeitura e a avenida Nazaré, onde a diferença de nível entre a rua e a calçada compromete a segurança de pedestres.

Segundo especialistas, as camadas visíveis de asfalto representam apenas a parte final do processo de pavimentação. Sem a estrutura correta — composta por subleito, sub-base e base — o revestimento asfáltico não tem sustentação técnica, se degrada rapidamente e exige constante reaplicação, o que encarece o serviço e representa desperdício de dinheiro público.

Moradores e profissionais da área urbana criticam a falta de planejamento. “Dá pra fazer um estudo arqueológico dos últimos prefeitos apenas observando as camadas de asfalto empilhadas em certas vias”, afirma um morador da Campina, em tom de protesto.

Enquanto outras capitais avançam com projetos de requalificação urbana duradouros, Belém ainda enfrenta problemas estruturais causados por soluções paliativas. A cidade clama por uma engenharia urbana que respeite seus espaços, sua história e seus cidadãos.

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