População de Abaetetuba lamenta perda de porto bilionário da Cargill; ação de organização Católica teria influenciado decisão
Multinacional desistiu de construir terminal de grãos no Pará e optou por ampliar operações no Sul do país; organização católica entrou com ação judicial contra o projeto.

A população de Abaetetuba, no nordeste do Pará, está inconformada com a desistência da multinacional Cargill em instalar um terminal portuário no município. O projeto, avaliado em bilhões, previa a construção de um Terminal de Uso Privado (TUP) para escoamento de grãos, fortalecendo a economia da cidade e gerando empregos.
A Cargill, uma das maiores empresas do agronegócio do mundo, optou por concentrar seus investimentos no Porto de Paranaguá, no Paraná, onde venceu uma licitação para operar o maior terminal de grãos da estrutura portuária. A decisão foi inicialmente atribuída à ausência da licença ambiental necessária para instalação do empreendimento próximo ao corredor logístico de Vila do Conde.
No entanto, informações mais recentes indicam que o verdadeiro motivo da retirada seria uma ação judicial movida pela Cáritas Diocesana, entidade vinculada à Igreja Católica. Segundo Paulo Weyl, assessor jurídico da Cáritas Brasileira, nenhuma das empresas envolvidas solicitou o cancelamento da licença ambiental. A ação foi iniciada em 2021 e pede a anulação do processo administrativo que concedeu a área à empresa.
A Cáritas é uma organização que atua em defesa de comunidades vulneráveis, com foco em direitos humanos, segurança alimentar e desenvolvimento sustentável. No caso de Abaetetuba, a entidade alega riscos sociais e ambientais que poderiam impactar diretamente as comunidades locais.
Moradores e lideranças locais, no entanto, reagiram com frustração. A expectativa era de que o terminal gerasse empregos diretos e indiretos, além de dinamizar a economia da região. “É uma grande perda para a cidade. Já vivemos com poucas oportunidades e agora perdemos um projeto que poderia mudar a realidade de muitas famílias”, desabafou um morador.
Com a desistência oficializada, a Cargill seguirá com sua estratégia de expansão no tradicional corredor logístico do Sul do país, onde já conta com infraestrutura consolidada e menor entrave jurídico.
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