Mestre Damasceno recebe de Lula a Ordem do Mérito Cultural por sua contribuição à cultura brasileira
Símbolo da resistência cultural do Norte, artista do Marajó foi homenageado em cerimônia oficial no Rio de Janeiro com a mais alta honraria do Ministério da Cultura.

O artista paraense Mestre Damasceno foi condecorado nesta terça-feira (20) com a Ordem do Mérito Cultural (OMC), maior honraria pública concedida pelo Ministério da Cultura a personalidades e instituições que contribuem de forma relevante para a cultura brasileira. A cerimônia aconteceu no Palácio Gustavo Capanema, no centro do Rio de Janeiro, e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Natural de Salvaterra, no arquipélago do Marajó, Mestre Damasceno tem mais de cinco décadas de atuação nas tradições culturais amazônicas. Mesmo após perder a visão aos 19 anos em um acidente de trabalho, ele seguiu uma trajetória marcada pela arte e pela valorização das raízes quilombolas da região. Ao longo dos anos, tornou-se referência no carimbó pau e corda, na poesia oral e na criação do Búfalo-Bumbá — manifestação junina que mescla teatro popular, religiosidade, cultura afro-amazônica e a força da natureza local.
Com mais de 400 composições autorais, seis álbuns gravados e inúmeros espetáculos dirigidos, Damasceno é reconhecido como uma das principais expressões vivas da cultura do Marajó. O músico também será um dos homenageados da 28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, marcada para agosto de 2025, em Belém.
“Trago comigo tudo o que aprendi com meus pais e avós, ancestrais quilombolas. São mais de 50 anos dedicados às tradições culturais marajoaras, e hoje colho os frutos de uma vida inteira de trabalho. Espero fazer ainda mais”, disse o artista durante a cerimônia.
A homenagem foi celebrada pela Secretaria de Estado de Cultura do Pará (Secult). O secretário em exercício, Bruno Chagas, destacou a importância do reconhecimento nacional. “Mestre Damasceno é uma das maiores expressões vivas da cultura amazônica. Celebrá-lo é celebrar a cultura marajoara e paraense”, afirmou.