CRIMENOTÍCIAS

PF identifica nova rota internacional de tráfico de cocaína operada pelo PCC a partir do Pará

Operação Narco Vela aponta expansão logística de grupo ligado ao PCC com base em Belém após aumento da fiscalização no Porto de Santos

A Polícia Federal divulgou novos detalhes sobre a atuação de um grupo criminoso ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), alvo da Operação Narco Vela. A investigação identificou a criação de uma nova rota internacional de tráfico de cocaína, com base logística no estado do Pará.

A migração da estrutura para o Norte do país ocorreu após o aumento da vigilância no Porto de Santos (SP), segundo informações da PF. Antes da mudança, o transporte da droga era feito por lanchas que partiam do litoral paulista e abasteciam veleiros em alto-mar, com destino à África e Europa.

Com a pressão sobre os portos do Sudeste, o grupo estabeleceu operações em Belém. A mudança veio à tona após a apreensão de 560 quilos de cocaína em uma lancha na marina Marine Park, localizada na Ilha de Mosqueiro, em maio de 2024. A embarcação havia saído de São Paulo e foi rastreada por meio de pagamentos suspeitos.

A PF identificou Klaus de Castro Rios Motta e Silva e Ivan de Freitas Santos como operadores da estrutura no Norte, atuando também no Maranhão. Conversas extraídas de celulares e registros da marina contribuíram para a comprovação do envolvimento de ambos com a organização.

A investigação aponta que o núcleo no Norte tinha ligação direta com Marco Aurélio de Souza, conhecido como “Lelinho”, empresário suspeito de chefiar operações de exportação de cocaína. Também foram identificados como integrantes do esquema Anderson Monteiro Gomes, Julio Cesar Fernandes e Sergio Ruiz da Silva.

Conexão com o PCC

Interceptações telefônicas revelaram que Gabriel Gil Bernardo, conhecido como “Jogador”, exercia papel de liderança no grupo e seria o contato direto com o PCC. Ele coordenava decisões estratégicas do tráfico e contava com o apoio de Adenilso Antônio dos Santos, responsável pela contabilidade da facção e da empresa Máximo Serviços Marítimos, controlada por Lelinho.

A PF também identificou que Klaus teria sido submetido ao setor disciplinar do PCC após conflitos financeiros com a facção, o que reforça a conexão direta entre o grupo e a organização criminosa.

Base no Pará e apreensões anteriores

A atuação do grupo no Pará ganhou importância após grandes apreensões realizadas em operações internacionais. Em julho de 2022, 1,9 tonelada de cocaína foi interceptada em uma lancha GoFast por autoridades brasileiras e espanholas. Em fevereiro de 2023, três toneladas da droga foram apreendidas pela guarda costeira dos Estados Unidos no veleiro Lobo IV, que havia partido de Ilhabela (SP) rumo à Guiné-Bissau. O responsável pela embarcação, Flávio Fontes Pereira, foi preso e teria contribuído com informações sobre a operação do grupo.

Outro episódio, entre março e abril de 2023, envolveu uma embarcação suspeita da empresa JackSupply, identificada por imagens de satélite realizando travessia internacional com possível carregamento de cocaína para a Europa.

Detalhes da Operação Narco Vela

Deflagrada em 29 de abril, a operação contou com 300 agentes da Polícia Federal e 50 policiais militares de São Paulo. Foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva, 31 de prisão temporária e 62 mandados de busca e apreensão nos estados do Pará, São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão e Santa Catarina.

A 5ª Vara Federal de Santos determinou o bloqueio de R$ 1,32 bilhão em bens pertencentes aos investigados. Os crimes apurados incluem tráfico internacional de drogas, organização criminosa e associação para o tráfico. A Polícia Federal continua investigando outras ramificações da organização.

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