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Pará lidera relatos de Óvnis registrados pela Aeronáutica

Estado concentra 16% dos avistamentos; Operação Prato e episódios recentes, como a pandemia, reforçam o enigma dos fenômenos aéreos não identificados.

O Pará ocupa a liderança nacional no registro de avistamentos de objetos voadores não identificados (óvnis), com 140 casos documentados desde 1952, representando 16% dos 934 relatos coletados pela Aeronáutica no Brasil ao longo de sete décadas. Os dados, extraídos de documentos preservados no Arquivo Nacional e organizados em uma coleção unificada, revelam o protagonismo do estado em fenômenos que ainda desafiam explicações científicas.

O levantamento, realizado pela Folha de S.Paulo com base em arquivos do antigo Comdabra (Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro), também destaca outros estados com números expressivos, como Paraná (128 relatos) e São Paulo (126). A coleta de informações sobre óvnis começou oficialmente nos anos 1950, quando o tema ganhou relevância global. Desde então, a Aeronáutica mantém protocolos para reunir e investigar relatos, incluindo registros feitos por pilotos, radares e até cidadãos comuns.

Operação Prato

Entre os episódios que marcaram a história dos óvnis no Brasil, a Operação Prato, realizada em 1977, ocupa um lugar central. Naquele ano, a cidade de Colares, no Pará, tornou-se palco de relatos assustadores: moradores descreviam luzes misteriosas que os atacavam, causando sintomas como paralisia temporária, tremores e até marcas físicas. Segundo os relatos, as luzes “sugavam sangue” das vítimas, com os homens sendo atingidos no pescoço e as mulheres, nos seios.

Diante do clima de pânico, a Aeronáutica enviou militares do 1º Comando Aéreo Regional para investigar os fenômenos. Durante a operação, os oficiais registraram avistamentos de luzes no céu, mas não conseguiram determinar sua origem ou natureza. Apesar da falta de conclusões definitivas, os relatos de Colares continuam sendo um dos casos mais estudados e debatidos no campo da ufologia.

Em 1978, a situação ainda era preocupante, com 48 avistamentos registrados no Pará, de um total de 63 em todo o país. Esse volume reforça o impacto da Operação Prato e a relevância do estado no contexto dos fenômenos ufológicos brasileiros.

Noite dos Óvnis e registros recentes

Outro marco nos arquivos da Aeronáutica ocorreu em 1986, na chamada “Noite dos Óvnis”. Naquela ocasião, pelo menos 21 objetos voadores foram detectados por radares e avistados por pilotos em quatro estados do país. Os relatos descrevem comportamentos considerados inteligentes: os objetos alternavam velocidades supersônicas e subsônicas, mudavam de altitude e emitiam luzes de diferentes cores.

A Força Aérea chegou a mobilizar caças para interceptar os óvnis, mas os objetos desapareceram, alguns em direção ao oceano Atlântico. O relatório oficial concluiu que os fenômenos eram “sólidos” e demonstravam algum tipo de inteligência.

Mais recentemente, os anos da pandemia de COVID-19, entre 2020 e 2023, registraram 11% dos avistamentos documentados na série histórica. O aumento pode estar relacionado ao maior tempo que as pessoas passaram em casa, com mais atenção ao céu noturno, ou a fatores ainda não compreendidos.

Organização e preservação dos relatos

Desde 1952, a Aeronáutica adota protocolos para coletar informações sobre óvnis. Qualquer pessoa pode relatar avistamentos por meio da “ficha de controle de tráfego hotel”, que é enviada ao Comando de Operações Espaciais (Comae). Esse esforço contínuo resultou em uma coleção unificada, que preserva documentos desde as investigações iniciais até registros mais recentes.

Após a Operação Prato, o Ministério da Aeronáutica recomendou a organização cronológica dos fenômenos observados no Brasil, com inclusão de dados de investigações oficiais. Já em 1986, após a Noite dos Óvnis, o Nucomdabra (Núcleo do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro) foi encarregado de analisar e armazenar as informações, consolidando um acervo que hoje está disponível no Arquivo Nacional.

Mistérios que persistem

Embora décadas de investigações tenham resultado em avanços na catalogação e estudo dos fenômenos aéreos não identificados, muitas perguntas ainda permanecem sem respostas.

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