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O fisiologismo e o declínio das pautas de esquerda: Uma grande piada pronta

Era uma vez, antes da queda do Muro de Berlim em 1989, em que a esquerda defendia fervorosamente o controle dos meios de produção e uma economia planificada. Entretanto, com o passar dos anos, os ventos da mudança sopraram e ela se viu obrigada a redefinir suas bandeiras.

Após este período, meio perdida, viu-se forçada a abraçar novas causas, como a defesa das minorias, uma educação mais inclusiva, a preservação do meio ambiente e a participação popular nas decisões políticas. A luta contra a corrupção e a censura também se tornaram palavras de ordem, fortalecendo a imagem de uma esquerda renovada, solidária e engajada com os anseios da população.

Tanto no país como em nossa capital, Belém, a esquerda deixou de ser apenas uma barulhenta oposição e conquistou o poder, assumindo um protagonismo no início do século XXI. Para os incautos, a esperança de uma sociedade mais igualitária parecia estar mais próxima do que nunca. Contudo, com o passar dos anos, algo mudou….ou não!!!

Após mais de uma década no poder, a esquerda viu suas pautas iniciais se desvanecerem lentamente. A esfera privada, antes um adversário declarado, passou a ser uma aliada improvável. Ligando-se ao grande capital, a esquerda se viu envolvida em grandes escândalos de corrupção, manchando sua reputação e afastando-se dos ideais de transparência e ética que antes defendia com veemência.

No estado do Pará, essa transformação não foi diferente, muito pelo contrário, acentuou-se de forma alarmante. Ficou evidente que o fisiologismo tomou conta do cenário político, tornando as pautas consideradas de esquerda apenas uma narrativa vazia, voltada para uma plateia de companheiros. O comprometimento com as causas sociais foi substituído por acordos de conveniência e alianças pragmáticas.

Nesse contexto desolador, o estado do Pará continua a enfrentar graves problemas. Os índices de desmatamento são alarmantes, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e a qualidade de vida permanecem entre os piores do país, e emprego e renda são escassos para grande parte da população. Enquanto isso, as forças do estado agem com truculência, dissolvendo greves e manifestações, ao mesmo tempo em que patrulham e proíbem críticas pela internet, minando a liberdade de expressão.

Todavia não escutamos mais o ruído de outrora, calorosas indignações, mas tão-somente o farfalhar das palmas a bajular os poderosos detentores do poder.

Recentemente, a Assembleia Legislativa do Pará (ALEPA) aprovou uma lei que concede ao governador o poder de indicar os diretores de escolas estaduais, fato este que não foi tratado de forma diferente pela esquerda paraense, base de seu governo. Essa reação apenas reforça a constatação de que o fisiologismo tomou conta das pautas de esquerda que apenas os ingênuos e aqueles que acreditam em narrativas fantasiosas ainda levam a sério.

Sim, a direita também tem lá suas incoerências, mas não vou perder meu tem aqui sequer falando sobre ela uma vez que, de tão incipiente não criou ainda nem identidade. Não sabe se é conservadora ou liberal.

No final das contas, o desgaste provocado pela corrupção, o fisiologismo e alianças revelaram uma triste realidade: a esquerda perdeu sua identidade e se tornou refém de seus próprios interesses e suas bandeiras, outrora defendidas com fervor tornaram-se meras palavras vazias. Resta-nos questionar se algum dia essas pautas foram honestamente assumidas pela esquerda ou apenas serviram de narrativas para alcançarem mais votos.

O certo é que, atualmente, de tão visível a inverossimilhança, distância com a realidade e das práticas políticas cotidianas, a esquerda do estado do Pará se tornou uma grande piada pronta. Um batom na cueca: Pode-se criar a desculpa que for que continuará a não ter explicação convincente.

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