ESPORTENOTÍCIANOTÍCIASParáREGIONAL

O choro que lava a alma bicolor

Não foi só um gol aos 45 do segundo tempo. Foi um suspiro. Um grito preso. Uma lágrima que já se acumulava há onze jogos. Quando Leandro Vilela estufou as redes na Curuzu, não foi apenas o placar que mudou. O destino, por alguns instantes, também pareceu se reescrever. E, no meio do gramado, ajoelhado, rosto molhado de suor e emoção, estava Rossi — o capitão — chorando como se fosse o torcedor mais apaixonado do estádio.

Porque era.

O futebol é esse bicho estranho que muitas vezes não se explica com tática, scout ou linha de quatro. O Paysandu, até então, era um time sem brilho, sem resposta, sem vitórias. Um elenco cheio de dúvidas e vaias, mais pela frustração do que pelo desamor. A pressão pesava como concreto nas costas dos jogadores, e só quem veste a camisa — e sente a pele arder com as críticas — sabe o quanto dói.

Rossi chorou por tudo isso.

Chorou porque o tempo parecia correr mais rápido para o sofrimento e mais lento para a reação. Chorou por Kevin, que mesmo no banco, não conteve as lágrimas. Por Luan Freitas e Marlon, que não tinham mais forças nem para conter o que sentiam. Chorou por cada vez que a bola passou perto e não entrou. Chorou porque, no fundo, ele também é arquibancada. Também é um dos milhares que olham para o Paysandu e não enxergam apenas um clube, mas um pedaço da própria história.

O gol da vitória não foi bonito, não foi plástico, não foi jogada ensaiada. Mas foi justo. Foi necessário. Foi salvador.

E ali, naquele choro exposto sem vergonha, estava todo o peso que caiu. A dor que virou esperança. A vergonha que deu lugar à fé. A emoção que, enfim, rompeu o muro da apatia. Rossi ajoelhado foi a imagem que faltava para contar essa história: um time que, mesmo sem técnica, decidiu vencer no grito, na raça, na alma.

A Série B ainda será longa. A luta, árdua. Mas aquela lágrima foi mais do que emoção. Foi um pacto silencioso com a torcida: “A gente não vai mais se entregar fácil.”

E se não der para vencer na bola, que seja no coração.

Etiquetas

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
Fechar