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‘O Brega é do Pará’: artistas paraenses reagem à tentativa de Recife assumir título de Capital Nacional do Brega

Aprovação de projeto no Senado gera revolta entre músicos do Pará, que defendem Belém como o verdadeiro berço do brega brasileiro

A aprovação do Projeto de Lei 2.521/2021, que concede a Recife (PE) o título de Capital Nacional do Brega, provocou forte reação entre artistas do Pará. O texto, de autoria do deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE) e com parecer favorável do senador Humberto Costa (PT-PE), foi aprovado pela Comissão de Educação e Cultura (CE) do Senado e seguirá diretamente para sanção presidencial, caso não haja recurso para votação em Plenário.

Para músicos paraenses, a decisão ignora o protagonismo histórico de Belém no desenvolvimento do brega, tanto em sua musicalidade quanto na valorização cultural. O DJ Dinho, da aparelhagem Tupinambá, ressaltou que o ritmo é enraizado na identidade do povo paraense desde os anos 1960. “Belém é um berço desse ritmo. Aqui o brega foi sancionado como patrimônio cultural e material do Estado. Passou por várias transformações e por isso temos várias vertentes”, afirmou.

Dinho também lembrou que o pernambucano Reginaldo Rossi, ícone nacional do brega, sempre teve mais reconhecimento no Pará do que em seu estado de origem. “Recife só tinha ele como referência, e aqui nós sempre tivemos dezenas de nomes. Podemos provar que Belém é a verdadeira capital nacional do brega. Isso é uma questão política, e cabe às nossas autoridades contestar essa indicação”, concluiu.

O cantor Wanderley Andrade reforçou o papel de Belém na consolidação do gênero. “O Pará e Pernambuco têm em comum esse ritmo maravilhoso, que de brega não tem nada. São músicas que falam de amor e do cotidiano. Tive o privilégio de ser amigo do Reginaldo Rossi, um dos maiores de todos os tempos”, declarou.

Para o cantor e produtor Kim Marques, o Pará ainda não soube transformar o brega em política pública como fez Recife. “Recife entendeu que o brega é música brasileira. Aqui a gente vive em cima de demagogia. Na hora de falar com o povo, chamam o cantor de brega, mas não valorizam de verdade”, criticou.

Kim ainda citou o sucesso nacional de artistas como Joelma e a Banda Calypso como prova de que o brega paraense ultrapassou fronteiras. “Joelma provou para todo mundo que o brega do Pará é do Brasil.”

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