As medidas econômicas anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quinta-feira (28), trouxeram inquietação aos setores políticos e empresariais do Pará. O pacote, destinado a zerar o déficit nas contas públicas federais nos próximos anos, recebeu críticas por especialistas que questionam a eficácia diante da ausência de uma redução efetiva nos gastos.
A proposta do governo federal busca atingir o déficit zero, gastando apenas o que será arrecadado ao longo do ano, sem aumento na dívida pública. No entanto, o impacto das três principais medidas anunciadas — a limitação das compensações tributárias feitas por empresas, mudanças no Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e a reoneração gradual da folha de pagamentos — tem gerado apreensão.
Especialistas apontam que, sem a devida redução nos gastos públicos, o pacote pode não surtir os efeitos desejados. O economista Rafael Boulhosa destaca a importância de abordar a redução de despesas e a preocupação de que, se não houver um controle eficiente dos gastos, o aumento na receita resultará em novas despesas.
A proposta será encaminhada ao Congresso Nacional em fevereiro, após o recesso parlamentar. Já há sinais de resistência por parte da bancada paraense, com o senador Zequinha Marinho expressando preocupações sobre a reoneração da folha de pagamento, considerando o impacto negativo no ambiente de negócios.
O setor de eventos, diretamente afetado pelas mudanças no Perse, reprovou as medidas, destacando que o programa era uma tentativa de auxiliar a recuperação do segmento cultural após anos de paralisação devido à pandemia. A presidente da Pará Eventos, Ivanna Carneiro, lamentou as alterações, apontando que, mesmo com a retomada do setor em 2023, as empresas ainda estão se recuperando de dois anos difíceis.
