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Maioria das cidades do Pará, incluindo Belém, têm mais pessoas vivendo de Bolsa Família do que com trabalho de carteira assinada

Número de beneficiários do programa vence total de trabalhadores em 74% das cidades brasileiras e percentual chega a 99% no Pará.

Um estudo inédito realizado pelo Blog do Zé Dudu, divulgado nesta sexta-feira (11), revela uma realidade preocupante no Pará: a dependência social supera a criação de empregos formais na maioria das cidades. De acordo com o levantamento, em 142 dos 144 municípios paraenses há mais cidadãos vivendo de benefícios do Bolsa Família do que de trabalho com carteira assinada.

Esse quadro destaca o descompasso entre o crescimento econômico e a realidade de grande parte da população do estado, agravando a situação de pobreza em várias regiões. O cenário nacional também aponta para uma dependência preocupante: sete dos 20 municípios brasileiros mais dependentes do programa social estão no Pará.

A pesquisa utilizou dados de fontes oficiais como o IBGE, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e o Cadastro Único do Ministério do Desenvolvimento. Ela revela que, enquanto alguns municípios conseguem gerar empregos, muitos outros ainda enfrentam uma crise social severa.

Canaã dos Carajás e Parauapebas como exceções

Canaã dos Carajás é o município paraense com o melhor desempenho no levantamento. A cidade possui 5.256 trabalhadores formais a mais do que dependentes do Bolsa Família, com 36,31% da população empregada formalmente. Em Parauapebas, a diferença também é positiva, embora apertada: a cidade tem 1.566 empregos formais a mais do que beneficiários do Bolsa Família, com 23,35% da população trabalhando com carteira assinada.

Desigualdade em Belém e Santarém

Na capital Belém, a situação é oposta. O município tem 104.602 dependentes do Bolsa Família a mais do que trabalhadores formais. Hoje, cerca de 400 mil pessoas recebem o benefício, número equivalente ao dobro da população da cidade de Castanhal. Em comparação, apenas 296 mil trabalhadores estão formalmente empregados.

Santarém também vive uma realidade alarmante. Com 157.088 dependentes do Bolsa Família e apenas 40.400 trabalhadores formais, a cidade apresenta uma das maiores diferenças do país, com 116.688 pessoas a mais vivendo de benefícios sociais do que de trabalho. Aproximadamente 44% da população de Santarém depende do Bolsa Família, enquanto apenas 11% está empregada formalmente.

Situação Nacional

Em nível nacional, a situação também preocupa. Segundo o levantamento, 74% das cidades brasileiras têm mais beneficiários do Bolsa Família do que trabalhadores formais. Dos 5.570 municípios do país, apenas 1.451 (26%) têm mais pessoas empregadas do que dependentes de benefícios sociais. Esse cenário é mais favorável em regiões como o Sudeste e Sul do Brasil, especialmente nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná.

São Paulo se destaca positivamente com mais de 3,2 milhões de empregos a mais do que beneficiários do Bolsa Família, enquanto Manaus enfrenta um panorama inverso, com 231.784 dependentes do programa social a mais do que trabalhadores formais.

Desafios no Pará

No Pará, a desigualdade social é um desafio contínuo. Em municípios como Anajás, Mocajuba e São João da Ponta, mais de 85% da população depende do Bolsa Família para sobreviver, escancarando a falta de oportunidades de trabalho e a crescente necessidade de políticas públicas que incentivem a geração de empregos formais e a redução da pobreza.

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