A seca extrema que atinge a região Norte do Brasil tem causado estragos na fauna e flora de Santarém, no oeste do Pará. Entre as vítimas está a vitória-régia, um dos mais icônicos símbolos da Amazônia, que foi encontrada seca e morta nos leitos vazios do canal do lago Jari, uma das áreas turísticas mais visitadas de Alter do Chão, também conhecida como o “Caribe da Amazônia”.
O cenário, que antes era conhecido pelo verde exuberante das plantas aquáticas, agora apresenta uma paisagem cinza e árida. As vitórias-régias mortas chamaram atenção, pois representam um dos maiores símbolos da biodiversidade amazônica. “Estamos passando pela maior seca dos últimos 50 anos”, relatou Dulce Oliveira, chef de cozinha e moradora da região. Ela, que reside no local há uma década, testemunhou pela primeira vez a devastação causada pela seca, que também afetou diretamente o seu restaurante, fechado há um mês devido à situação.
Impacto no turismo e na economia local
O turismo em Alter do Chão, altamente dependente das belas paisagens naturais e da navegação pelos rios, também está sofrendo. O canal que liga a vila à famosa Ilha do Amor, que antes era cruzado por pequenas canoas conhecidas como catraias, agora pode ser atravessado a pé. O único meio de transporte fluvial da região, os barcos, foram substituídos por carroças e motocicletas devido ao baixo nível das águas.
Dulce Oliveira, conhecida por utilizar plantas amazônicas em seus pratos, incluindo a vitória-régia, decidiu registrar a morte das plantas como um alerta. “Queremos conscientizar as pessoas sobre a gravidade do problema. É um sentimento de tristeza ver o que está acontecendo com a nossa floresta”, desabafou.
Estiagem atinge níveis críticos
De acordo com a Defesa Civil, o nível do rio Tapajós, que abastece a região, está atualmente em 19 centímetros, 45 centímetros abaixo do mesmo período em 2023. A Victoria amazonica, conhecida popularmente como vitória-régia, é uma planta exclusivamente aquática, típica da região amazônica, cujas folhas podem alcançar até 2,5 metros de diâmetro.
A seca extrema já levou 21 municípios do Pará a terem a situação de emergência reconhecida pelo governo federal, o que facilita a liberação de recursos para ações de socorro e assistência. O prefeito de Santarém, Nélio Aguiar (União Brasil), reuniu-se com o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, na última quarta-feira (9), e foi anunciado que medidas humanitárias e de acesso à água potável serão implementadas para auxiliar a população local.
