OPINIÃO

Liberalismo popular na periferia de Belém

Por Milton Mises Montesquieu

Há dois anos atrás o PT levou um susto ao fazer uma pesquisa na periferia de São Paulo sobre o que pensam os moradores em questões como economia, prosperidade, bem estar. A Fundação Perseu Abramo (do PT) chegou a seguinte conclusão: a periferia é liberal.

O PT descobriu que os moradores da periferia rejeitam anular as próprias ideias ou interesses em nome de uma classe social, raça ou projeto político. A pesquisa mostrou que, em vez do Estado, a periferia busca apoio na família e na religião. Por fim, os moradores da periferia acreditam no poder do esforço e da iniciativa pessoais.

Olhando a periferia de Belém, mesmo com todos os seus visíveis problemas, o resultado do que foi encontrado em São Paulo não difere muito daqui. A periferia de Belém não espera, ela age.

Muitos moradores dos bairros populares de Belém possuem pequenos comércios, variados, de roupa, mercadinho, venda de chopp, venda de açaí, restaurantes, venda de tacacá, lanche ‘completo’ e etc. Todos os bairros de Belém possuem ruas comerciais e feiras livres.

Com um mercado formal pequeno e pouco diverso na capital paraense, muito em função da burocracia estatal, os moradores da periferia vão lá empreender enfrentando todo o tipo de dificuldades possíveis.

Uma pesquisa dos institutos Data Favela e Locomotiva denominada “Economia das Favelas – Renda e Consumo nas Favelas Brasileiras” mostrou que os 13,6 milhões de brasileiros que moram em favelas movimentam anualmente cerca R$ 119,8 bilhões.

Esses dados por si só demonstram que os moradores de favelas são empreendedores natos. No entanto, não basta apenas reconhecer isso, é preciso agir para que a sociedade reconheça o potencial desses locais e procure buscar mecanismos para que esses moradores desenvolvam ainda mais suas habilidades e criatividades.

Outro estudo concebido pelo instituto Outdoor Social revela que as maiores favelas do Brasil possuem potencial de consumo de cerca de R$ 7,7 bilhões em 2019. A pesquisa foi feita nas 10 maiores comunidades do Brasil, entre elas, estão duas paraenses: Baixadas da Condor e Baixadas da Estrada Nova Jurunas.

A pesquisa mostra que a Baixada da Estrada Nova, no Jurunas, tem o quarto maior potencial de consumo, com R$ 728 milhões. Já as baixadas da Condor estão na oitava posição em potencial de consumo, com R$ 555 milhões. Movimentação de riqueza esta maior do que muitos municípios paraenses.

Levados pela crença do esforço pessoal, cinco em cada dez moradores de comunidades tem intenção de abrir seu próprio negócio. Num país com tantos desempregados por que tanta burocracia e dificuldades? Simplificar é o caminho. A periferia precisa que barreiras sejam rompidas para que esse mercado consumidor consiga atingir produtos de boa qualidade e eles tenham boas oportunidades no mercado de trabalho.

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