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Kaizen, empresa das cestas de alimentação investigada pela PF, protagoniza outras histórias suspeitas

A Polícia Federal deflagrou a operação Solércia na manhã desta quinta-feira, 17, em Belém. A operação apura eventuais fraudes no contrato celebrado pelo Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), cujo objeto era a aquisição de cestas de alimentação escolar para toda a rede estadual de ensino como medida de enfrentamento à pandemia do Covid-19, em março deste ano. O valor do contrato era de cerca de 74 milhões.

Contrato sem licitação entre a Seduc e a empresa Kaizen

Kaizen – O contrato foi firmado com a empresa paraense Kaizen Comércio e Distribuição de Produtos Alimentícios para fornecer mais de 500 mil cestas de alimentação aos alunos da rede pública do Pará, enquanto as aulas estivessem suspensas devido à pandemia, sendo que cada cesta iria custar R$ 138 reais. O escândalo foi revelado por blogs e sites de Belém, porque a Kaizen era uma Empresa Individual de Responsabilidade Limita (Eireli) tinha um capital de apenas R$ 79 mil e tinha como dono Edson Araújo Rodrigues. O contrato foi cancelado.

Antigo registro da Kaizen

Mesmo com cancelamento do contrato com a Kaizen, algumas cestas chegaram a ser distribuídas a alguns alunos da rede pública. O início da entrega teve a participação do governador do Estado, Helder Barbalho, no final de março de 2020.

Mas o que faz essa empresa Kaizen? A Kaizen fez negócios várias vezes com o Governo do Estado, mas nunca em um contrato de valor tão alto. Ainda neste ano, a Kaizen fez outro contrato com a Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa), no valor de R$ 72 mil, em março de 2020.

Atividades secundárias – Uma consulta ao Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica mostra que a Kaizen tem 20 atividades econômicas secundárias, e não apenas a de fornecer alimentos. As atividades eram as mais variadas e iam de comércio de veículos, a comercialização de sementes e flores, passando artigos de armarinho, de medicamentos e materiais de uso médico e outros mais diversos.

O mais estranho é que a Kaizen tinha como endereço uma modesta casa em Ananindeua e que, à primeira vista, não teria condições, nem espaço, para a logística de distribuição das cestas.

Segundo nota sobre a operação Solércia, divulgada pela Polícia Federal, “Durante as investigações, a Polícia Federal conseguiu indícios da existência de várias empresas – incluindo a empresa vencedora do contrato das cestas básicas [no caso, a Kaizen] – que estavam em nome de interpostas pessoas, mas pertenciam, de fato, a empresários que são proprietários de uma grande rede supermercado e magazine no estado do Pará”. Essa pessoa que seria a proprietária da Kaizen é Edson Araújo Rodrigues, sobrinho dos donos do grupo de supermercados Líder.

Os donos do grupo Líder negam a relação comercial do sobrinho com o grupo. E nesta quinta-feira, 18, após a operação da Polícia Federal, uma nota do grupo Líder continua a negar que a empresa Kaizen, de Edson Rodrigues, tenha qualquer vinculação com as operações comerciais dos supermercados.

Nota dos supermercados Líder, nesta quinta-feira, 18

Novo dono – A história dessa empresa fica ainda mais estranha quando em abril deste ano, a Kaizen, simplesmente mudou de dono e teve o seu capital social aumentado para mais de R$ 9 milhões. O novo dono se chama Henrique Lutz, de quem nunca se ouviu falar.

Novo dono da empresa Kaizen, em dois de abril de 2020

O que o Governo do Estado precisa explicar, e a Polícia Federal está investigando na operação Solércia, é quanto de dinheiro foi repassado à Kaizen, visto que a empresa chegou a fornecer algumas dezenas das cestas de alimentação, que foram repassadas a alunos de rede pública do Pará, no dia 27 de março deste ano, como está na reportagem da Agência Pará, neste link: https://agenciapara.com.br/noticia/18665/

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