
O governador Helder Barbalho (MDB) está no centro de uma polêmica com o agronegócio paraense. A Lei nº 10.837, sancionada em 26 de dezembro de 2024, estabelece uma nova taxação sobre a produção de soja e milho, gerando insatisfação entre os produtores. A medida foi duramente criticada em reunião realizada nesta quinta-feira (16), na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), onde produtores rurais mostraram preocupação com o impacto econômico e a falta de diálogo do governo estadual.
Críticas do setor
Vanderley Ataíde, presidente da AproSoja-Pará, destacou que a nova lei aumenta os custos para um setor que já enfrenta desafios como altos preços de insumos, baixos valores das commodities e incertezas climáticas. Ele também apontou uma possível contradição no posicionamento do governador.
“Enquanto nós, produtores, somos penalizados, o próprio governador, que cultiva 1.000 hectares de soja e 2.000 hectares de milho, parece não sentir no bolso os impactos dessa taxação. Isso é inadmissível”, declarou Ataíde.
Impactos econômicos
Feliciano Neto, produtor de Paragominas, descreveu a medida como um “golpe duro” para a economia municipal. “Com a taxação de R$ 33 por tonelada de milho e R$ 72 por tonelada de soja, o que seria investido em novas áreas de plantio será destinado aos cofres públicos. Isso vai gerar menos empregos, menos investimentos e dificuldades para toda a cadeia produtiva”, afirmou.
Produtores de regiões como Paragominas, Tailândia, Xinguara e Goianésia alertam para o risco de fechamento de empresas e redução no desenvolvimento econômico regional.
Desigualdades regionais
Ataíde ressaltou que o Pará não pode ser comparado a estados como Mato Grosso e Goiás, que possuem maior produtividade e infraestrutura consolidada. “Aqui, produzimos em média 53 sacas de soja por hectare, enquanto outros estados alcançam até 80 sacas. Além disso, os custos no Pará são mais altos, variando de R$ 100 a R$ 400 por hectare. É impossível impor uma taxação uniforme sem considerar essas diferenças”, explicou.
Apelo por diálogo
O presidente da AproSoja pediu a revogação da lei e defendeu que o governo invista em infraestrutura e incentivo à produção como alternativas à taxação. “Melhorar estradas e ampliar áreas plantadas geraria arrecadação de forma sustentável. Taxar um setor já pressionado só trará mais endividamento”, disse.
Por fim, Ataíde fez um apelo direto ao governador. “O Pará tem um potencial enorme, mas precisamos de apoio, não de mais obstáculos. Governador, dialogue com o setor e construa um futuro sustentável para o agronegócio paraense.”