O Pará já começa a desenhar o cenário político para 2026, com a vice-governadora Hana Ghassan (MDB) e o prefeito de Ananindeua, Dr. Daniel Santos (PSB), despontando como protagonistas na corrida pelo governo estadual. Ambos representam projetos políticos distintos e prometem mobilizar o debate público nos próximos dois anos.
A força do MDB e os planos de Helder
No grupo liderado pelo governador Helder Barbalho (MDB), a aposta é na continuidade. Reeleito em 2022 com ampla margem, Helder consolidou sua base aliada e fortaleceu o MDB no Pará, que saiu das eleições municipais de 2024 com 83 prefeituras conquistadas, o maior número entre os partidos no estado.
Helder, que deve renunciar ao cargo em abril de 2026 para disputar as eleições nacionais, mira um papel de destaque no cenário político nacional, possivelmente como vice-presidente na chapa de reeleição do presidente Lula (PT). Nesse contexto, Hana Ghassan, sua vice, deverá assumir o governo e ser a candidata do grupo à sucessão estadual.
“Ela deverá ser, naturalmente, a candidata do nosso campo político”, afirmou o governador, que também terá a realização da COP30 em Belém, em novembro de 2025, como vitrine para sua trajetória política.
Daniel Santos e a oposição em ascensão
Dr. Daniel Santos (PSB), por sua vez, se apresenta como a principal oposição ao grupo governista. Prefeito reeleito de Ananindeua, o segundo maior município do Pará, com 507 mil habitantes, Daniel rompeu com Helder no início de 2024, alegando perseguição política. Ele se filiou ao PSB e, mesmo com alianças contraditórias, consolidou sua liderança ao conquistar 83,5% dos votos na reeleição municipal.
Daniel tem buscado apoio entre os bolsonaristas, reforçando críticas ao que chamou de “dinastia Barbalho”. Durante as eleições em Belém, ele apoiou abertamente o candidato bolsonarista Éder Mauro (PL) contra Igor Normando (MDB), que acabou eleito.
“Já chega dessa dinastia, uma pessoa não pode se achar dona de um estado”, declarou Daniel em outubro, ao lado de Éder Mauro.
Os desafios da esquerda
Enquanto MDB e PSB se movimentam, a esquerda paraense tenta se reerguer. O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), foi derrotado em sua tentativa de reeleição, ficando com apenas 9,8% dos votos. Ele defende a construção de uma frente ampla de esquerda para disputar o governo, mas a viabilidade da aliança ainda é incerta.
“É inevitável ter uma candidatura para colocar o dedo na ferida. Não dá para falar em sustentabilidade com fome, falta de água e saneamento precário. Essa é a realidade do Pará que precisa ser denunciada”, afirmou Edmilson.
Cenário político em transformação
O Pará vive um momento de transição política, com mudanças importantes no equilíbrio de poder. Após anos de hegemonia do PT e do PSDB, Helder Barbalho conseguiu unificar forças conservadoras e progressistas, mas enfrenta a ascensão de uma oposição robusta.
Raio-X do Pará
- População estimada (2024): 8,66 milhões
- Eleitores (2024): 6,2 milhões
- Área territorial: 1,25 milhões de km²
- Orçamento estadual (2024): R$ 46,6 bilhões
- Prefeituras comandadas pelo MDB: 83