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Fechado há cinco meses, Restaurante Popular de Belém é saqueado e destruído

Equipamento servia mais de 1.300 refeições por dia e era essencial para população em vulnerabilidade; Prefeitura estuda criar centro de acolhimento no local

O Restaurante Popular de Belém, localizado no bairro da Campina, está fechado há cinco meses e enfrenta uma situação crítica de abandono. O espaço, que oferecia mais de 1.300 refeições diárias a pessoas em situação de vulnerabilidade por apenas R$ 2, vem sendo alvo de saques, furtos e depredação desde que teve suas atividades suspensas em fevereiro deste ano.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram a degradação do prédio, que passou por reforma completa em 2024, mas não resistiu ao abandono. A estrutura teve forro arrancado, fiação elétrica furtada e até janelas levadas.

O encerramento das atividades ocorreu após o fim do contrato com a empresa responsável pelo fornecimento das refeições. Desde então, um simples cartaz colado na entrada anuncia a paralisação temporária do serviço e a previsão de uma nova licitação, mas sem prazo definido.

“Era o que me sustentava”, diz moradora afetada

Para muitas pessoas, a suspensão do serviço agravou ainda mais a insegurança alimentar. A aposentada Carmem Cardoso conta que dependia do restaurante para alimentar a si e ao filho.
“Eu comia aí de segunda a sexta, comprava pra mim e pro meu filho, almoço e janta. Era muito legal. Fui muito atingida. Está sendo muito difícil”, lamenta.

As refeições oferecidas incluíam prato principal, fruta e sobremesa, compondo uma alimentação completa e de baixo custo. A ausência do serviço impacta especialmente pessoas em situação de rua e famílias em extrema pobreza.

Região Norte lidera em insegurança alimentar

De acordo com Nadya Alves, da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), a suspensão de políticas públicas como os restaurantes populares tem consequências sérias.
“A região Norte é a que mais sofre com insegurança alimentar no país. A descontinuidade desse serviço afeta diretamente a saúde da população, gerando deficiências nutricionais e agravos à saúde pública”, explica.

MP pode investigar situação

A deputada estadual Lívia Duarte (PSOL) acionou o Ministério Público do Pará (MPPA), solicitando investigação sobre o abandono do restaurante. Até a publicação desta matéria, o MPPA e a Defensoria Pública da União (DPU) ainda não haviam se manifestado.

Prefeitura quer transformar espaço em centro de acolhimento

Em nota, a Prefeitura de Belém informou que o prédio integra um novo planejamento de políticas públicas voltado à população em vulnerabilidade social. Está em estudo, junto ao Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), a implantação de um Centro POP no local.

A proposta é transformar o prédio em um centro de referência para pessoas em situação de rua, com serviços integrados de acolhimento, assistência e proteção social. No entanto, nenhuma data foi divulgada para início das obras ou reabertura do espaço.

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