A impressão que tenho é de que nos últimos dias abriu-se a temporada de crueldades e maus tratos aos animais na Região Metropolitana de Belém e Ananindeua. Verdadeiras brutalidades têm sido praticadas e, ao que tudo indica, impunemente.
Ainda outro dia o ParáWebNews publicou fotos de duas carpas mortas que viviam no lago da Praça da República. A água verde e pútrida ao lado indicava a possível causa da morte. Os peixes sequer podiam respirar.
Em outra praça, a da Batista Campos, outros animais também bastante conhecidos do público paraense, as garças, padeciam adoentadas sem cuidados e alimentação.
Mas nada tão bárbaro como o pirarucu morto a pauladas de enxada em um condomínio de luxo no município de Ananindeua.
Logo as imagens, bizarras, ganharam repercussão na imprensa local e até nacional.
Caso de Polícia: Pirarucu é morto à pauladas, no condomínio de luxo onde mora o governador do Pará
Ninguém parece ter notado ou, talvez optado por não identificar o nome do autor deste ato de carnificina. Carlos Begot Da Rocha, mais conhecido como Carlito Begot, ex-candidato à Prefeitura de Ananindeua pelo PSD e ex-vice prefeito do município.
No vídeo enviado ao portal, é possível ouvir claramente “dá na cabeça dele para ele morrer”, como se o pirarucu apresentasse algum perigo para as pessoas.
Ensandecido, Begot desfere várias enxadadas no peixe e grita “filma isso, filma isso”, visivelmente rindo para os espectadores.
Não creio que o político precisasse do peixe para comer. Tampouco usou a força para se defender. O que nos leva a crer que talvez possua algum desejo atávico latente pela violência e crueldade ou traços de uma personalidade histriônica, que busca aparecer a qualquer custo.
O Pirarucu, peixe gigante da Amazônia, é um dos maiores peixes de água doce do mundo e corre risco de extinção devido à pesca predatória praticada ao longo de muitos anos.
Sobre este caso, esperemos a resposta das autoridades.
FARRA DO BOI
O fato ocorrido no condomínio de luxo em Ananindeua lembra bem a “Farra do Boi”. Quem lembra? O evento era um ritual típico do litoral do estado brasileiro de Santa Catarina, desde 1997 considerada ilegal. O ritual consiste em soltar um boi em um local, e assim, agredir ou “farrear” o animal, fazendo-o correr atrás das pessoas que participam da prática.
Na Farra do Boi, o animal é levado à exaustão. Apesar de criminalizada em todo território nacional desde 1998, ela ainda acontece às escondidas.
