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“Estou cansado do preconceito contra Belém e contra o Pará”, desabafa Ney Messias após críticas à COP 30 na Amazônia

Jornalista critica desqualificações à escolha de Belém como sede da COP 30 e denuncia tratamento desigual ao Pará na divisão de investimentos e arrecadação tributária nacional

Nas últimas semanas, Belém tem sido alvo de críticas recorrentes na imprensa nacional e internacional e por influenciadores políticos de diversas correntes ideológicas. O motivo? A escolha da capital paraense como sede da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 30, marcada para novembro de 2025. Os questionamentos se concentram na suposta falta de infraestrutura, como rede hoteleira e saneamento básico. Mas, para além de preocupações técnicas, o que emerge desses ataques, segundo o jornalista paraense Ney Messias, é um preconceito estrutural e histórico contra a região Norte do Brasil — especialmente contra o Pará.

“Cansei de ficar calado vendo um monte de gente rasa destilando preconceito contra Belém e contra o Pará em função da realização da COP30 aqui. Todo preconceito é cruel, mas existem outras camadas de crueldade quando a gente entende o quanto esse Estado ajuda o Brasil e não recebe de volta ajuda na mesma proporção. É por isso inclusive que talvez nos falte a tão falada infraestrutura que muitos estão usando para tentar desqualificar Belém”, afirmou Ney.

O jornalista destacou o peso do Pará na balança comercial brasileira e na produção de energia elétrica: “Sendo um dos Estados que mais ajuda a balança comercial brasileira, (somos o 3º), sendo um dos Estados que mais produz energia elétrica (somos o 2º), inclusive para a casa dos preconceituosos, deveríamos receber de volta mais investimentos para quem sabe não estarmos ainda na situação desafiadora em que estamos. O preconceito de vocês já passou dos limites.”

Ainda no vídeo, Ney declarou: “Eu ando de saco cheio de um monte de gente rasa aproveitando que a COP 30 vai ser realizada em Belém para desqualificar minha cidade e o meu estado. Eu não vou entrar aqui na questão se falta estrutura, se não falta estrutura. Óbvio que a falta disso não desqualifica a cidade para sediar a COP 30, muito pelo contrário, isso deve servir para abrir os olhos do Brasil e do mundo para essa mancha verde que vocês veem no mapa, afinal é só assim que a maioria nos enxerga: uma mancha verde no mapa.”

Ele continuou: “Abrir os olhos para ver uma população ancestral, com conhecimentos ancestrais e que possui a maior biodiversidade do mundo e que no meio de toda essa riqueza vivem em condições desafiadoras, isso por si só já poderia justificar a COP 30 em Belém. É bom que seja mostrado inclusive a falta de estrutura, quero mais é que o Brasil e o mundo se perguntem: como uma região com esse tamanho de riqueza vive ainda nessas condições? E quem sabe a partir dessa reflexão alguma coisa mude.”

Em outro trecho, Ney relacionou a importância econômica do Pará com os desafios enfrentados pela população amazônica: “O Pará ajuda a sustentar o Brasil e os brasileiros. Um dos principais indicadores econômicos da saúde financeira de um país é a sua balança comercial, que vem a ser a equação entre o que um país importa versus o que o país exporta. Óbvio que um país para ser forte economicamente precisa exportar mais do que importar, seria esse o caso do Brasil? Sim, é!”

“Só nesse mês de abril agora o superávit da balança comercial brasileira foi de sete bilhões de dólares. Um crescimento de 15,4% só no ano que passou de 2024. O Pará contribuiu com cerca de 20 bilhões de dólares para a balança comercial brasileira. Será que agora dá para entender um pouco da importância do Estado do Pará para a vida dos brasileiros? Estamos entre os seis Estados que mais exportam no Brasil”, declarou o jornalista.

Ney também falou diretamente ao público das regiões Sul e Sudeste: “Então você que mora no Sul e no Sudeste e acha que para cá para cima só existe uma mancha verde no mapa, entenda que sem as riquezas do Pará e o trabalho da nossa gente, a tua vida estaria menos confortável provavelmente.”

E questionou: “Tá bom então que ficou claro que o Pará ajuda o Brasil. Mas quanto o Brasil ajuda o Pará na mesma medida que é ajudado? Pois saibam que este Estado rico em produtos minerais e que gera muitas exportações a partir do agronegócio historicamente vem sendo maltratado pela União e pelo Governo Federal.”

Sobre o orçamento público, Ney afirmou: “Esse Estado ajuda tanto o Brasil que possui um dos piores orçamentos públicos do país, e muito disso sabe por quê? Por conta da distribuição fiscal e tributária injustas que somos vítimas. Esse mesmo Brasil que é muito ajudado por nós, na hora de distribuir impostos faz o seguinte: de cada dez reais de impostos arrecadados pelo governo federal, um real vai para os municípios brasileiros, dois reais para os Estados brasileiros e sete reais vão para o governo federal. Então de cada dez reais que o Pará gera para o Brasil, o Brasil devolve apenas três reais para o Pará.”

“O pacto federativo brasileiro é muito cruel com o Estado do Pará”, reforçou. “Nem quero falar aqui da produção de energia elétrica que leva conforto para vocês, amigos sudestinos. Nós que somos o segundo Estado em produção de energia elétrica do país pagamos uma tarifa de energia elétrica bem mais cara que vocês que só recebem o fruto do nosso trabalho e da força de nossa energia.”

Ao encerrar o vídeo, Ney Messias deixou um apelo: “Tentem ser menos cruéis com quem ajuda vocês, parem de querer penalizar uma terra que contribui tanto para que vocês tenham a qualidade de vida que desfrutam. Acostumados a tirar tudo que temos, agora querem nos tirar algo que é legítimo termos, que é sediar a maior conferência climática do planeta, com os olhos do mundo voltados para nós. Quem sabe entendam os desafios que a população que ajuda o planeta a sobreviver e que ajuda o país a ter a economia que tem. A gente tá cansado do preconceito de vocês.”

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