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Eleições 2026 No Pará: A Bola Da Vez

Com as eleições majoritárias se aproximando, convido o leitor a entrar em campo e analisar os potenciais ‘jogadores da temporada’, suas respectivas equipes e quem realmente tem fôlego — e estratégia — para chegar à grande final

Por Eduardo Cunha

Dizem que o Brasil é o país do futebol. Mas essa frase, repetida à exaustão — que aprendemos ainda no berço, como se viesse gravada na certidão de nascimento — já não ecoa com tanta força. O encanto dos tempos de Pelé, Ronaldinho e Romário parece ter ficado no VHS. Hoje, o maior nome da Seleção é o técnico — e estrangeiro — e não há um camisa 10 que faça a torcida levantar da cadeira.

Sem poder entrar em campo, restou ao torcedor brasileiro virar comentarista: debate escalações no ponto de ônibus, questiona convocados no almoço de domingo e dá palpites sobre esquemas táticos com mais convicção que muito treinador profissional.

Mas o futebol não é nossa única paixão. A política, com seus embates, bandeiras e disputas ferrenhas, também ocupa lugar cativo no coração do brasileiro. Tanto que o eleitor, muitas vezes, age como torcedor — com direito a gritos, memes e até xingamentos. Partidos viraram times. Candidatos, ídolos ou vilões. E o jogo eleitoral, uma eterna final de campeonato — um verdadeiro Re x Pa.

Então, como todo bom brasileiro — e palpiteiro inveterado — convido o leitor a vir comigo observar os principais “jogadores”, apostas para a temporada das eleições majoritárias de 2026. Porque, se o futebol ainda nos emociona, é na política que os dribles mais inesperados costumam acontecer.


O time dos Barbalhos

Helder está de saída do cargo principal, mas ainda é o dono do campo e da bola — e não costuma jogar para perder. Dizem que virá ao Senado, onde certamente tem vaga garantida. Outros especulam que pode disputar a Série A nacional, como vice numa eventual chapa de Lula. Um jogador versátil, que não deixa o campo, apenas muda de posição. No banco de reservas, duas apostas suas: Hana, que ainda não “emplacou”, e Chicão, que tem a confiança do técnico, mas falta-lhe carisma para liderar o time.

E quando todos pensavam que a velha guarda já havia pendurado as chuteiras, eis que Jader reaparece em campo. Aos 80 anos, garante que é idoso, mas não é velho — e que ainda tem fôlego para correr os 90 minutos regulamentares, talvez até a prorrogação. Fez do próprio casamento um ato político. Um gesto que soa como sinal de que está pronto para mais uma disputa. O impasse é que, desta vez, pai e filho podem acabar disputando as mesmas duas vagas — e isso tende a embolar o jogo.


Celso e o PT

Quem vem ganhando espaço no gramado político é Celso Sabino. Mesmo escalado para uma posição discreta no time ministerial — sem torcida organizada e longe das grandes arquibancadas —, soube jogar com técnica. Os bons números de sua gestão o colocaram entre os ministros mais bem avaliados do governo.

Agora, ele começa a mirar o campeonato estadual. Voltou seu foco ao Pará, sua base de origem, e intensificou as visitas ao interior como quem faz pré-temporada: conversa com lideranças, caminha pelos municípios e aquece o nome no imaginário popular. Como toque final, trouxe para Belém um título inusitado — e midiático: capital mundial do Brega. Um golaço.

Fora de campo, seu time também cresceu: com a fusão entre União Brasil e Progressistas, passou a integrar o maior partido do país. Com estrutura robusta e apoio de bastidores, Sabino começa a mirar posições mais altas no jogo sucessório. Não seria surpresa vê-lo, em breve, disputando um cargo majoritário — quem sabe até mesmo o Senado.

Já o PT parece querer lançar Dirceu como seu camisa 10 para a próxima disputa majoritária. Mas, antes de colocá-lo em campo, resta saber como o presidente da sigla no Pará — o senador Beto Faro — vai conduzir esse movimento. O problema é que Faro anda fora de forma política: seu mandato foi cassado pelo TRE, e as provas que embasam a decisão não são exatamente lances discutíveis no VAR. Reverter esse placar no TSE será uma missão difícil — e o tempo corre contra.


Daniel e os bolsonaristas

Na oposição, Daniel tem corrido sozinho, sem construir um grupo político sólido ao seu redor. Exibe boa imagem pública, fortalecida pelos episódios em que se apresenta como alvo de perseguições do governo estadual. Mas, apesar da simpatia que desperta em parte do eleitorado, ainda parece indeciso sobre o lado do campo em que pretende atuar — lateral esquerda ou direita. E, como se sabe, política não se vence só com disposição: é preciso estrutura, alianças e recursos. Afinal, por mais que pareça, eleição não é pelada de fim de semana — é campeonato que exige elenco, estratégia e fôlego.

E, claro, há sempre os nomes que surgem nas rádios do WhatsApp: Jatene — que ninguém sabe se ainda quer jogar —, Éder Mauro e Joaquim Passarinho, dois jogadores do time bolsonarista que têm aparecido nas pesquisas para o Senado. Mas sejamos francos: dificilmente trocarão uma eleição quase certa para a Câmara Federal por uma disputa majoritária muito mais complexa e arriscada.


Último apito

À medida que 2026 se aproxima, o Pará vai formando seu próprio campeonato eleitoral. Ainda estamos na fase de aquecimento, com os nomes circulando nos bastidores, os bastões sendo passados e os vestiários cheios de especulações. Os treinos táticos seguem intensos, mas o juiz ainda nem entrou em campo. A torcida — ou melhor, o eleitorado — observa, comenta, critica, aplaude e vai formando suas próprias convicções.

No entanto, uma coisa é certa: os velhos protagonistas continuam em campo, mesmo que em novas posições, e os novatos precisam mostrar mais do que vontade. Neste jogo, carisma é importante, mas estrutura é decisiva. Não basta aparecer bem na entrevista coletiva — é preciso pontuar nas urnas.

E como todo bom brasileiro que acompanha política como quem acompanha uma final de campeonato, seguimos atentos. A cada movimentação, uma nova leitura. A cada articulação, um possível gol ou um escanteio mal cobrado. Até lá, o jogo está em aberto — e, como sempre, cheio de prorrogações, interferências do VAR jurídico e surpresas nos acréscimos.

Porque, no fundo, eleição por aqui nunca é só sobre quem vai levar a taça. É também sobre quem vai seguir no jogo, quem vai apitar — e quem, como de costume, vai torcer. Mesmo que de arquibancada, com a bandeira no ombro e a urna no coração.

No mais, como diz o velho ditado de quem sabe que eleição também é disputa dura: “bola pro mato, que o jogo é de campeonato”!!!!.

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