
As recentes declarações do senador Plínio Valério (PSDB-AM) sobre a construção da Avenida Liberdade, em Belém, geraram grande repercussão no Pará. O parlamentar criticou a obra essencial para desafogar o trânsito na BR-316, ignorando os benefícios diretos para milhares de trabalhadores da Região Metropolitana de Belém.
A nova via facilitará o deslocamento de moradores de Marituba, Ananindeua e Benevides, que atualmente enfrentam congestionamentos diários. Apesar disso, Plínio Valério insinuou que a avenida é destinada apenas a uma elite econômica, um argumento desprovido de embasamento e que ignora a real necessidade da população mais carente da região.
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A crítica do senador amazonense também revela uma contradição: enquanto defende a pavimentação da BR-319, que atravessa uma das áreas mais preservadas da Amazônia e pode estimular o desmatamento descontrolado, ele ataca uma obra urbana essencial para a mobilidade em Belém.
Denúncias de uso irregular de terras e nepotismo
As polêmicas envolvendo o senador Plínio Valério vão além de suas críticas infundadas a obras no Pará. Reportagens recentes revelaram que ele possui um imóvel irregular dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Tupé, em Manaus. O local é uma área de proteção ambiental onde a presença de construções privadas é ilegal.
Para piorar, a propriedade é alugada na plataforma Airbnb por diárias que ultrapassam R$ 1.400,00, contrariando o objetivo da reserva, que é garantir a conservação ambiental e o direito das comunidades tradicionais. A administração do imóvel está sob responsabilidade de Luciana Alencar da Silva, enteada do senador e funcionária do gabinete do senador Omar Aziz (PSD-AM), com um salário de R$ 15.200,24.
O caso de nepotismo se estende ainda mais: outras filhas de Plínio Valério ocupam cargos estratégicos no governo do Amazonas e no Congresso Nacional. Alana Barbosa Valério Tomaz é assessora na Secretaria da Fazenda do Amazonas, com um salário de R$ 16 mil, enquanto Camila Valério Tomaz Soares recebe R$ 9 mil como assessora do deputado federal Capitão Alberto Neto (PL-AM).
Defensor da divisão do Pará
O senador Plínio Valério também defende a realização de um novo plebiscito para a criação do estado de Tapajós, após a decisão popular em 2011 rejeitar a divisão do Pará. O parlamentar tem tentado interferir diretamente na questão ao apresentar parecer favorável ao projeto no Senado, contrariando a soberania da decisão já tomada pela população paraense.
Falas polêmicas e discurso agressivo
Plínio Valério já proferiu declarações consideradas agressivas e misóginas, como quando afirmou, em um evento da Fecomércio-AM, que teve vontade de “enforcar” a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. O senador também usou palavrões ao dizer que “não entende porra nenhuma” de Zona Franca de Manaus, principal polo econômico do estado que representa.
As falas do parlamentar reforçam um discurso violento e desrespeitoso, especialmente contra uma mulher em posição de liderança, e geraram repúdio entre especialistas e entidades de defesa dos direitos das mulheres. No Brasil, casos de incitação à violência podem ser enquadrados na Lei Maria da Penha e no Código Penal.
Apesar da repercussão negativa, o senador se defende afirmando que suas declarações foram “tiradas de contexto”. No entanto, suas posições contraditórias e suas polêmicas frequentes levantam questionamentos sobre sua verdadeira atuação política e suas prioridades no Senado.