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Consórcio de palma e mandioca incrementa renda de produtores no Pará

Agricultores familiares de Moju, no Pará, estão colhendo os frutos de um inovador consórcio de plantio de palma e mandioca. A parceria com a Agropalma, maior produtora de óleo de palma sustentável das Américas, está transformando a vida de 17 famílias da Vila Jutaí, que plantaram 227 hectares de palmeira de dendê em um sistema agroflorestal. A primeira colheita está prevista para 2026.

O contrato de 25 anos firmado entre a Agropalma e os agricultores locais assegura a compra de toda a produção de dendê, independentemente das oscilações do mercado. A empresa também financia as mudas e insumos agrícolas, que os agricultores começam a pagar apenas após a primeira colheita. Além disso, a Agropalma oferece treinamento e acompanhamento contínuo, integrando técnicas de agricultura regenerativa e proteção ambiental.

Raimundo Nonato Gonçalves Pompeu, presidente da Associação dos Agricultores de Jutaí, explica que a comunidade, fundada há quase 50 anos, sempre foi dedicada à agricultura, especialmente ao cultivo de mandioca e pimenta-do-reino. Até os anos 1990, os agricultores precisavam percorrer quase 40 quilômetros a pé para vender seus produtos e acessar serviços básicos de saúde. A conscientização ambiental e um acordo com o Ibama para encerrar a caça e a pesca na região trouxeram mudanças significativas.

Atualmente, a comunidade vive das culturas de açaí, mandioca, pimenta-do-reino e cacau, mas enfrenta dificuldades para encontrar mercados garantidos para seus produtos. O consórcio com a Agropalma proporciona segurança financeira sem comprometer outras culturas no sistema agroflorestal.

O técnico de agronegócio José Maria Pompeu Leão, nascido na Vila Jutaí, atua como ponte entre a Agropalma e os agricultores familiares. Ele trabalha na prospecção de novas áreas de plantio e ajuda a conectar os agricultores a potenciais compradores para outros produtos.

Leonel Oliveira de Souza, um dos pioneiros no cultivo de palma na região, destaca a transformação econômica que a parceria trouxe. Desde que começou a plantar palma em 2002, ele e outras famílias passaram a ter acesso a melhores condições de vida e infraestrutura, como motos e carros.

Antonio Jorge Brandão, gerente do Programa de Integração Agricultura Familiar e Produtores Integrados da Agropalma, afirma que o projeto é estratégico para a empresa, com 25% da produção proveniente da agricultura familiar e dos produtores integrados. A meta é expandir para 40 mil hectares cultivados por parceiros nos próximos seis a sete anos, aumentando a participação para 50%.

A Agropalma mantém 107 mil hectares no Pará, com 64 mil hectares de reserva florestal protegida. A empresa é conhecida por suas práticas sustentáveis, incluindo a regeneração de solos degradados e a mitigação dos impactos das mudanças climáticas.

Em parceria com a Embrapii e a Universidade Federal de Viçosa, a Agropalma está desenvolvendo sistemas agroflorestais como alternativa para o cultivo de palma em escala comercial. Esses esforços visam alinhar a produção aos conceitos de sustentabilidade e manejo orgânico.

A Agropalma processa cerca de 170 mil toneladas de óleo de palma por ano e possui seis indústrias de extração, além de refinarias e um terminal de exportação alfandegado. A empresa emprega cerca de 5 mil pessoas e, em 2021, registrou uma receita bruta de R$ 2,3 bilhões.

O óleo de palma é amplamente utilizado nas indústrias de alimentos, cosméticos, química e na produção de biodiesel, representando mais de 30% do mercado global de óleos e gorduras.

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