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Casal é preso em Belém por envolvimento na morte de mulher ligada a suposta seita religiosa

Flávia Cunha Costa, de 43 anos, morreu após ser abandonada em hospital em estado grave; suspeitos se apresentavam como líderes espirituais

A Polícia Civil prendeu nesta sexta-feira (4) um casal suspeito de envolvimento na morte de Flávia Cunha Costa, de 43 anos, em Belém. Marcelle Débora Ferreira Araújo, de 51 anos, e o companheiro Ronnyson dos Santos Alcântara, de 50, são investigados por violência psicológica, maus-tratos e abandono de incapaz. Ambos seriam líderes de um grupo religioso identificado por familiares da vítima como uma suposta seita.

De acordo com a polícia, Flávia foi abandonada no Pronto Socorro do Guamá no dia 18 de junho, em estado grave e sem documentos. No hospital, os profissionais constataram desnutrição severa e pressão arterial extremamente baixa. No dia seguinte, a paciente faleceu. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) como indigente.

O caso só chegou ao conhecimento da família 12 dias depois, quando parentes procuraram a Delegacia da Mulher para relatar o desaparecimento e denunciar o grupo por maus-tratos e exploração. Durante a investigação, a equipe localizou o registro da morte e confirmou que se tratava de Flávia.

Segundo a madrinha da vítima, Maria Ioná Sacramento, Flávia conheceu a suposta pastora em um salão de beleza em 2014 e, desde então, passou a frequentar reuniões do grupo. A partir daquele período, ela teria rompido laços com amigos e familiares, passou a fazer jejuns prolongados e demonstrava sinais de sofrimento psicológico. Flávia chegou a ser diagnosticada com transtorno bipolar e recebeu recomendação médica para seguir tratamento com medicamentos, mas abandonou a terapia por orientação da líder religiosa, que alegava conduzir um “tratamento espiritual”.

A família também relata que Flávia foi financeiramente explorada, entregando suas economias ao casal — incluindo valores em dólar e R$ 14 mil em espécie. Ela teria deixado de trabalhar e passou a sustentar a casa onde o grupo se reunia. “Ela sustentava todos ali. Ninguém trabalhava. Essa mulher, o marido e a filha viviam às custas da Flávia”, relatou Maria Ioná.

Vizinho denunciaram a situação precária em que Flávia vivia: magra, fraca, subindo escadas com dificuldade. A mãe da vítima, desesperada, chegou a invadir o imóvel e viu a filha abatida, sem forças. Pouco tempo depois, Flávia foi levada ao hospital em estado crítico, mas, segundo os médicos, os acompanhantes informaram que ela era apenas “uma vizinha”.

A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) conduziu as investigações e cumpriu os mandados de prisão. A Polícia Civil afirma que os suspeitos não têm formação teológica reconhecida e que o caso segue em apuração.

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