Em 13 de maio de 1888, o Brasil escrevia um novo capítulo em sua história com a assinatura da Lei Áurea, abolindo oficialmente a escravidão no país. Porém, quatro anos antes dessa data histórica, uma cidade paraense já ecoava os gritos pela liberdade. Benevides, localizada na região metropolitana de Belém, tornou-se a segunda cidade do Brasil e a primeira do Norte a abolir a escravidão.
O movimento abolicionista em Benevides ganhou força com a Sociedade Libertadora de Benevides, que, em 30 de março de 1884, proclamou sua emancipação da mão de obra escrava. Esse gesto pioneiro fortaleceu o crescente número de fugas de escravizados em direção à colônia, marcando uma resistência notável desde o início da década de 1880.
O impacto do movimento de Benevides ecoou não apenas na região, mas também além das fronteiras paraenses. O jornal português Diário de Notícias saudou o movimento abolicionista da cidade, destacando a determinação em declarar livres todos os escravos locais.
O presidente da Província, Visconde de Maracajú, testemunhou a entrega das cartas de alforria a seis escravos, quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea. Esse gesto corajoso inspirou muitos escravizados a buscar o “berço da liberdade”.
A abolição da escravidão em Benevides não foi um ato isolado. Foi o resultado de uma luta intensa, marcada por embates parlamentares, manifestações artísticas e formas diversas de resistência, incluindo revoltas e fugas em massa. Antes mesmo da Lei Áurea, os estados do Ceará e do Amazonas já haviam dado o exemplo, fortalecendo o movimento abolicionista em todo o país.