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Belém lidera crescimento de arrecadação entre capitais brasileiras, mas segue com menor receita por habitante

Impulsionada pela COP 30, capital paraense registra alta histórica na arrecadação, mas indicadores sociais e econômicos ainda revelam desigualdade no comparativo nacional

Belém acaba de alcançar um marco inédito em sua história fiscal: ultrapassou a marca de R$ 5 bilhões em receita líquida em um período de 12 meses, entre março de 2024 e fevereiro de 2025. A conquista representa um aumento de 22% em comparação ao mesmo período anterior — um crescimento jamais registrado nos últimos 20 anos pela maior cidade da Amazônia Oriental. Mesmo assim, a capital segue com a menor arrecadação por habitante entre todas as 27 capitais brasileiras.

Os dados foram levantados com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou as prestações de contas enviadas pelas prefeituras das capitais ao Tesouro Nacional no primeiro bimestre de 2025. De acordo com o levantamento, Belém arrecadou exatos R$ 5,088 bilhões líquidos, frente aos R$ 4,169 bilhões registrados no período anterior. Essa evolução meteórica colocou Belém novamente na 14ª posição entre as capitais que mais arrecadam, superando Maceió.

O grande responsável por esse salto financeiro é a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que acontecerá em novembro de 2025, na capital paraense. O evento global tem movimentado bilhões de reais em investimentos públicos das esferas municipal, estadual e federal, principalmente para obras de infraestrutura. Em função disso, a arrecadação da cidade ganhou um fôlego extraordinário.

Apesar do avanço no volume de receita, a desigualdade ainda é gritante quando se observa o valor arrecadado por habitante. Com população estimada em 1,399 milhão de pessoas, Belém registra receita anual de apenas R$ 3.638 por morador. Trata-se da menor média entre todas as capitais brasileiras, mesmo após o crescimento expressivo da arrecadação global.

O contraste é evidente quando Belém é comparada a cidades com população semelhante. Porto Alegre, com número de habitantes praticamente igual (1,39 milhão), arrecada R$ 6.784 por morador — uma diferença de mais de R$ 3 mil por pessoa. Goiânia, com 1,495 milhão de habitantes, soma R$ 5.549 por pessoa, enquanto Recife e São Luís apresentam médias de R$ 4.735 e R$ 4.924, respectivamente.

As campeãs nacionais em arrecadação por habitante são Brasília, com impressionantes R$ 12.236 por morador; Vitória, com R$ 9.007; e São Paulo, com R$ 8.060. Na outra ponta, junto com Belém, figuram Salvador (R$ 4.051) e Macapá (R$ 3.886), cidades que também enfrentam desafios estruturais históricos.

Além da baixa arrecadação per capita, Belém ainda esbarra em problemas crônicos como a baixa cobertura de saneamento básico e os altos índices de informalidade no mercado de trabalho. Tais fatores dificultam a atração de novos investimentos privados e limitam o crescimento sustentado da receita nos próximos anos.

Especialistas apontam que 2025 será, de fato, um ano promissor para as finanças da capital paraense, mas alertam que o cenário pode mudar já a partir de 2026, quando os recursos excepcionais mobilizados pela COP 30 começarem a se esgotar. Sem reformas estruturantes e investimentos duradouros, o salto atual pode se revelar apenas um ponto fora da curva.

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