
Após cinco dias de manifestações intensas no arquipélago do Marajó, no Pará, a empresa Henvil Transportes LTDA decidiu suspender o reajuste das passagens das balsas que operam na região. A decisão foi anunciada nesta quinta-feira (20) após uma reunião entre representantes da empresa, da Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup), da Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos de Transporte (Artran) e das comunidades quilombolas afetadas pelo aumento das tarifas.
Os protestos começaram no último domingo (16), quando caminhoneiros bloquearam o porto Camará, em Salvaterra, impedindo a saída das embarcações rumo a Belém e a outros destinos dentro do arquipélago. A mobilização se intensificou ao longo da semana, com moradores e quilombolas se unindo ao movimento, alegando que o reajuste prejudicaria a economia local e o acesso ao transporte essencial.
Na quarta-feira (19), a manifestação foi reprimida por policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar na comunidade Vila União Campina, em Salvaterra. Imagens registraram confrontos e o uso de balas de borracha, gás lacrimogêneo e spray de pimenta contra os manifestantes. A ação policial gerou feridos, incluindo uma diretora de escola que desmaiou e uma criança de um ano que precisou ser hospitalizada devido à inalação de gás.
A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) justificou a presença da tropa afirmando que o bloqueio da rodovia PA-154 comprometia o direito de ir e vir da população e o abastecimento de alimentos na região. Já a Agência de Regulação (Artran) explicou que o reajuste das tarifas ocorreu devido ao aumento dos custos operacionais, mas ressaltou que a passagem da classe econômica para passageiros não sofreu alteração.
Com a suspensão do aumento, a situação no arquipélago se acalmou temporariamente. Entretanto, uma nova reunião entre a Henvil e os órgãos reguladores está marcada para segunda-feira (24), quando será avaliada a possibilidade de um novo reajuste nas tarifas.