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Amazonas e Pará têm 56 líderes do tráfico escondidos em favelas do Rio

Dados da Polícia Civil apontam que criminosos migram para comunidades cariocas em busca de proteção e luxo, impulsionando a expansão das facções criminosas

Um levantamento da Polícia Civil do Rio de Janeiro revelou que 56 líderes do tráfico de drogas do Amazonas e do Pará estão escondidos em favelas cariocas. O Amazonas tem 21 foragidos, enquanto o Pará soma 35 criminosos procurados. No total, 249 pedidos de captura foram expedidos contra criminosos de diversos estados que fugiram para o Rio de Janeiro.

Além de Amazonas e Pará, os estados com maior número de foragidos no Rio são Goiás (53) e Bahia (33). Entre os criminosos mais procurados está Emílio Carlos Gongorra Castilho, o “Cigarreira”, suspeito de ordenar um assassinato no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Investigadores afirmam que ele fugiu para o Complexo da Penha, uma área dominada pelo Comando Vermelho, onde teria sido visto participando de festas promovidas por traficantes da facção.

Luxo e infraestrutura atraem criminosos

As favelas cariocas oferecem infraestrutura sofisticada para os foragidos. Policiais relataram que muitas comunidades possuem piscinas, saunas e academias, o que torna o Rio de Janeiro um destino atrativo para criminosos que fogem da repressão em seus estados de origem. Recentemente, a Polícia Civil coordenou a demolição de um resort do tráfico, que contava com lago artificial, pedalinhos, academia e campo de futebol.

Especialistas afirmam que essa ostentação não é apenas um luxo, mas uma estratégia para fortalecer o poder das facções, influenciar moradores e dificultar a ação da polícia.

Rivalidade entre facções e proteção no Rio

A presença crescente de foragidos de outros estados no Rio tem ligação direta com a rivalidade entre as facções criminosas. Segundo o delegado Carlos Oliveira, a disputa entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) levou ao aumento da migração de criminosos para o Rio. Desde 2016, os grupos travam uma guerra por territórios e rotas de tráfico de drogas.

No entanto, um relatório do Ministério da Justiça sugere que, atualmente, há um pacto de não agressão entre as facções, permitindo a circulação de traficantes sem confronto direto. O caso de Cigarreira seria um exemplo dessa aliança temporária.

Dificuldades para a polícia e impacto na segurança

A geografia do Rio de Janeiro favorece a resistência dos criminosos. O relevo montanhoso das favelas dificulta operações policiais e permite que as facções se armem e protejam seus territórios. Desde 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) restringiu operações policiais em comunidades, o que, segundo a polícia, facilitou a expansão das facções.

O governador Cláudio Castro defende penas mais rígidas e maior autonomia para os estados no combate ao tráfico. O governo do Rio também aposta na suspensão da ADPF 635, que limita operações policiais nas favelas. O STF deve retomar o julgamento da medida no próximo dia 26 de março.

Enquanto isso, a polícia segue monitorando a migração dos criminosos para o Rio e realizando operações para capturar foragidos. No entanto, a influência das facções e os desafios logísticos tornam essa missão cada vez mais complexa.

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