Coluna

A Covid-19 e a ilusão do controle

“A medicina serve para distrair, enquanto a natureza cura” disse uma vez o pensador Voltaire. De certa forma, ele estava certo e a Convid é a maior prova disso. Não me entendam errado, não sou nenhum terraplanista, fundamentalista, amish ou Testemunha de Jeová. O fato é que o homem possui apenas uma ilusão cognitiva sobre previsibilidade e controle de alguns aspectos da vida e da natureza, ou seja, uma ilusão de controle.

Da maneira, como o ser humano olha o mundo, temos um aparente controle sobre as coisas que nos cercam, e isso nos dá alguma segurança, mas não é de todo verdade. Medimos o tempo, catalogamos os elementos e quantificamos o universo, mas, sob o ponto de vista da natureza, a única constante que permanece é a incerteza e o caos. 

“Se o nariz de Cleópatra tivesse sido um pouco mais curto, a face da Terra poderia ser diferente”. Não vou nem falar do “bater das asas da borboleta”. Não temos o controle que pensamos ter e ponto.

O fato de 2 + 2 ser igual a 4, na maioria das vezes, não quer dizer que sempre será. Na grande mentira que o homem criou para si, probabilidades se tornam certezas inexoráveis.

Um fumante compulsivo pode morrer aos 100 anos enquanto um jovem que nunca colocou um cigarro na boca pode muito bem morrer de um súbito enfisema pulmonar no auge dos seus 20 anos.

Não é preciso recorrer à física quântica, tampouco ao budismo, para demonstrar a ilusão de controle, basta observarmos a pandemia de Covid-19 e o quanto sabemos sobre ela, ou seja, nada. 

Para começar, poderia perguntar onde o vírus surgiu: em um laboratório ou em um mercado de animais vivos, pescados e frutos do mar em Wuhan? Neste Brasil polarizado, se você for bolsonarista, sua resposta vai ser uma e se for antibolsobarista será outra, mas a verdade verdadeira mesmo é que não sabemos.

O que dizer então da Cloroquina, Ivermectina, Azitromicina? Ajudam de forma eficaz no tratamento da doença ou são apenas paliativos? Nem os médicos sabem dizer. 

Por que algumas pessoas são infectadas e outras não?  A doença pode contaminar novamente um paciente que já se curou? Perguntas cujas respostas parecem mudar a cada mês que a pandemia avança. 

Ora vejam, o homo sapiens levou à extinção tantas espécies e até outras raças humanas e não consegue vencer um minúsculo vírus. Alexandre, O Grande, um dos maiores líderes militares da história – considerado um semideus – venceu tantas batalhas e suportou intempéries e acabou morrendo após uma noite de bebedeira: quanto controle!

Se querem um palpite acho que a Covid vai embora assim como chegou, do nada, sem avisar, e nos deixar mais encucados do que já estamos e, diferente do Lula, não vejo nisso nenhum aspecto positivo, apenas uma constatação.

Mas para os que discordarem de mim, não há problema, a nuvem de gafanhotos ou a de poeira já se aproxima e com ela, as suas diferentes explicações cartesianas e apocalípticas.

Fica a pergunta: pandemias, tsunamis, pragas de gafanhotos,  o mundo está diferente ou o caos sempre foi  a essência da vida na Terra? Que tal perguntarmos ao homem de neandertal? 

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