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A 200 dias da COP 30, Belém soma R$ 7,2 bilhões em obras

Levantamento revela que parte significativa das obras estruturantes para a COP 30 ainda não teve o andamento divulgado em abril. Especialistas cobram mais transparência e detalhamento dos investimentos.

Faltando exatos 200 dias para o início da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), marcada para novembro em Belém (PA), um levantamento do portal g1 aponta que os investimentos em infraestrutura, mobilidade, hospedagem e saneamento já somam R$ 7,296 bilhões. No entanto, 14 dos 37 projetos listados como parte da preparação para o evento ainda não têm percentual de execução divulgado até abril de 2025.

Desde que o Brasil foi anunciado como país-sede da COP 30, em 2023, o número de obras em Belém quase triplicou: passou de 13 para 37 projetos. Os dados foram levantados com base em informações do Governo Federal, do Governo do Pará, da Prefeitura de Belém e de financiadores como o BNDES, além de documentos oficiais e o Portal da Transparência.

Tabela das obras por categoria

CategoriaNº de ObrasValor Total (R$ mi)Obras Principais
Infraestrutura142.716Parque da Cidade, Porto Futuro II, Ver-o-Peso, Parque Linear da Doca
Mobilidade72.070BRT Metropolitano, Duplicação da Av. Bernardo Sayão, Aeroporto de Belém
Saneamento81.814Macrodrenagens do Tucunduba e do Mata Fome
Hospedagem8696Vila COP 30, Hotel Vila Galé, hotéis em Castanhal e Belém
Total377.296

Andamento das obras

Do total de 37 projetos, apenas 23 possuem informações sobre o andamento divulgadas. Três deles tiveram atualização recente em abril de 2025:

  • Parque da Cidade: 80% concluído (obra mais cara da COP, financiada pela Vale);
  • Reforma do Ver-o-Peso: 82% concluído;
  • Hotel Vila Galé Collection Amazônia: 52% concluído.

Entre as obras com progresso mais avançado também estão:

  • Porto Futuro II: 79% concluído;
  • Hotel de negócios em Castanhal: 75% concluído.

Já os projetos com andamento abaixo de 30% incluem:

  • Macrodrenagem Mártir e Murutucu: 29%;
  • Sistema de esgoto do Ver-o-Peso: 11%;
  • Restauro do Complexo dos Mercedários: 10%.

Quatorze obras seguem sem qualquer informação atualizada de execução, entre elas:

  • Vila COP 30 (acesso de chefes de Estado);
  • Terminal Portuário de Outeiro;
  • Macrodrenagem da Bacia Mata Fome;
  • Parque Urbano Igarapé São Joaquim;
  • Revitalização da Avenida Júlio César.

Obras já entregues

Segundo o Governo do Pará, desde o fim de 2024 foram entregues quatro intervenções ligadas à COP:

  • Canal da travessa Timbó;
  • Canal da avenida Gentil Bittencourt;
  • Asfalto em Outeiro;
  • Viaduto na BR-316 com PA-483.

A única grande obra oficialmente entregue é o Mercado de São Brás, requalificado ao custo de R$ 150 milhões. No entanto, o espaço ainda não está em funcionamento, e feirantes reclamam da demora para reocupação.

Financiamento das obras

Os recursos para a execução das obras vêm de diferentes fontes, como:

  • Governo Federal (principal financiador);
  • Governo do Pará;
  • Prefeitura de Belém;
  • BNDES;
  • Itaipu Binacional;
  • Caixa Econômica Federal;
  • Iniciativa privada;
  • Fundos internacionais.

O BNDES, por meio do programa Invest Impacto, assinou em dezembro de 2023 contrato de R$ 3 bilhões para financiar parte das obras. Deste valor, R$ 1,1 bilhão já foi aprovado para liberação até fevereiro de 2025. Todos os projetos são reembolsáveis, com taxas de mercado e prazos estendidos para pagamento.

A diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello, destacou que as liberações dependem da vistoria técnica e do cumprimento de metas. “Não apenas visitamos as obras, mas só fazemos o pagamento após confirmar que o cronograma está sendo seguido”, afirmou.

Geração de empregos

Segundo dados do Governo do Pará e da Prefeitura de Belém, cerca de 5.500 empregos diretos e indiretos foram gerados com as obras. O Sindicato da Indústria da Construção do Pará (Sinduscon) aponta aumento de 14% na admissão de trabalhadores no setor entre 2023 e 2024.

Especialistas cobram transparência

Apesar dos investimentos e da movimentação econômica, especialistas criticam a falta de um portal unificado de transparência sobre as obras da COP 30. Olga Freitas, doutora em geografia pela USP e coordenadora do projeto “Megaeventos e transformações urbanas”, afirma que falta clareza sobre a inclusão de certas obras como parte da COP.

“Não existe uma plataforma onde o cidadão possa consultar detalhes como o custo, o projeto original e a justificativa para ser uma obra da COP”, critica.

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