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Cinzas humanas viram árvores em cemitério de Minas Gerais

Ao invés de túmulos de frio concreto, urnas 100% biodegradáveis que acomodam cinzas humanas e sementes de uma espécie arbórea. Essa é a proposta do cemitério inaugurado em Nova Lima, município localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. Batizado de “BioParque”, o modelo propõe um novo conceito de vida após a morte.

Transformar cinzas em adubo para árvores não é exatamente uma novidade. Mas quando se fala em morte, há muitos tabus. Talvez por isso a opção ainda não tenha se popularizado.

Propondo “mudar a percepção sobre a morte”, três companhias brasileiras estão dispostas a quebrar essa barreira. São elas: as empresas Primaveras, de São Paulo; Grupo Parque, de Alagoas, e a Prevenir, de Minas Gerais, que se uniram à Seven Capital para criar o BioParque. De olho no setor funerário que, no Brasil, movimenta cerca de R$ 7 bilhões ao ano, segundo o Sindicato dos Cemitérios e Crematórios do Brasil (SINCEP), foram investidos R$ 150 milhões, destinados à aplicação de tecnologias para o tratamento das cinzas, cultivo, plantio e construção dos parques.

Autointitulado “empreendimento que une a ressignificação da morte à consciência ecológica”, o espaço será exclusivo para cerimônias e plantio. Ou seja, não realiza a cremação ou outros serviços funerários. Isso difere de iniciativas similares já existentes no Brasil onde os cemitérios e crematórios dedicam uma ala para este fim. De acordo com a companhia, a iniciativa é pioneira na América Latina.

Adubo – O BioParque propõe transformar as cinzas do ente querido em parte de um substrato preparado para o plantio de árvores. A espécie é escolhida por quem presta a homenagem, mas já são pré-selecionadas de acordo com a flora e fauna locais.

Em cerimônias especiais, as famílias realizam o plantio de sementes em BioUrnas, isto é, em urnas ecológicas patenteadas pelo BioParque e desenvolvidas na Espanha por designers catalães. Essas urnas são monitoradas de 12 a 24 meses por uma equipe de especialistas no IncubCenter, uma espécie de viveiro ultra tecnológico. Após esse período, uma nova cerimônia é agendada para o plantio definitivo da árvore no solo do parque.

O projeto tem parceria com a Universidade de Federal de Viçosa, referência na área de agronomia.

QRcode – Todas as árvores são identificadas por um QRcode e o seu crescimento pode ser acompanhado por uma plataforma exclusiva desenvolvida pelo BioParque. Ela possibilita, ainda, a inserção de imagens, textos e áudios, para que cada família (re)construa, de forma personalizada, a história de seu homenageado.

É importante também lembrar que, como todo ser vivo, a árvore também morre. Por isso, ao final de cada ciclo, a ideia é que a matéria da árvore seja reutilizada como adubo, perpetuando o ciclo de vida.

BioParque – O primeiro BioParque foi lançado em agosto de 2019 em Minas Gerais e a previsão é inaugurar uma nova unidade em São Paulo, em 2021. Faz parte dos planos ainda a implantação nas cidades de Curitiba, Brasília, Salvador e Rio de Janeiro.

Essa ideia de transformar a tristeza da partida em um novo ciclo de vida já é adotada parcialmente no Cemitério e Crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. Outro projeto interessante, criado por designers italianos, propõe enterrar corpos dentro de cápsulas biodegradáveis.

Acima da estrutura, uma árvore nativa deve ser plantada. Uma terceira ideia virou lei no estado de Washington, nos EUA. Por lá, foi legalizada a compostagem humana que permite que o corpo seja enterrado com palhas, lascas de madeira e alfafa: criando as condições perfeitas para se decompor.

Fonte: Ciclo Vivo

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