Operação da PF contra Barbalho reafirma a praga do ‘filhotismo’

Por Jorge Pontes
A operação S.O.S que a Polícia Federal deflagrou na última terça-feira, 29, nos mostra “mais do mesmo” e, principalmente, reafirma à sociedade brasileira a praga que representa o “filhotismo” para a nossa política.
Foram presos dois secretários e um assessor do governador do Pará, Helder Barbalho, com suspeitas de envolvimento em fraudes no sistema de saúde daquele estado. No total foram cumpridos 278 mandados de busca e apreensão e 76 de prisão, um deles no gabinete do próprio governador.
Uma das características estruturais do crime institucionalizado – cometido por grande parte da nossa elite (sic) política – é o envolvimento de clãs familiares, que funcionam como verdadeiras dinastias, dominando por décadas a administração pública de municípios, estados e até mesmo o próprio cenário político nacional.
E não se tratam, os casos conhecidos, de descendentes de grandes vultos seguindo os passos gloriosos de seus antepassados. Pelo contrário, são herdeiros do retrocesso. Replicam, com nova roupagem, as práticas rasteiras – e desmoralizadas – de seus ascendentes.
E aí vemos, cometidos pelos mesmos sobrenomes, fraudes em licitações, esquemas em grandes contratos de serviços e obras públicas, desvios e rachadinhas…
Tratando a política como uma empresa ou negócio familiar, esses grupos reproduzem uma das principais características das organizações tipo máfia, que é o envolvimento de círculos étnicos – da consanguinidade – na administração das suas estruturas criminosas.
O eleitorado, nesses casos, merece igualmente ser estudado, pois age aparentemente hipnotizado por sobrenomes que, por si só – com a carga de escândalos que carregam por décadas – já deveriam ter sido efetivamente banidos da vida pública.
Fonte VEJA



