Rádio country recusa tocar música de Beyoncé nos EUA, reavivando debate sobre racismo
Na manhã de terça-feira, Justin McGowan solicitou aos DJs da KYKC, uma estação de rádio de música country, para tocar “Texas Hold ‘Em”, uma das duas novas músicas lançadas por Beyoncé e anunciadas em um comercial do Super Bowl no domingo. A canção, uma balada country sobre festas caipiras, foi gravada em Houston, Texas, e contou com a participação de Rhiannon Giddens, também vencedora do Grammy, no banjo e viola. No entanto, o gerente da emissora, Roger Harris, respondeu a McGowan por e-mail com uma recusa concisa: “Não tocamos Beyoncé na KYKC, pois somos uma estação de música country”.
Ao enviar esse e-mail, Harris inadvertidamente reacendeu um debate antigo sobre como os artistas negros se encaixam em um gênero com raízes na música negra. No anúncio do Super Bowl, Beyoncé brincou que seu novo lançamento iria “quebrar a internet”. E de fato, o fez.
McGowan compartilhou uma captura de tela da rejeição nas redes sociais, desencadeando uma onda de indignação e debates. “Isso é absolutamente ridículo e racista”, escreveu ele, instando outros a enviar e-mails à estação solicitando a música. Em resposta, a KYKC foi inundada com centenas de e-mails e telefonemas de fãs irritados.
O debate sobre a inclusão de artistas negros no cenário country não é novo. Quando Beyoncé submeteu “Daddy Lessons” ao Grammy na categoria country, o comitê da Recording Academy rejeitou o pedido, alegando que não se encaixava no gênero. A controvérsia também surgiu em 2019, quando a Billboard retirou “Old Town Road”, de Lil Nas X, das paradas de country.
Para Charles Hughes, diretor do Centro Lynne e Henry Turley Memphis na Faculdade de Rodes, a recusa da estação de rádio em tocar a música de Beyoncé simboliza como “o rádio country tem excluído sistematicamente artistas de cor”, especialmente mulheres. Ele acredita que Beyoncé e seus fãs podem derrubar essas barreiras e criar um espaço mais inclusivo no cenário country.
