O preço do litro de açaí grosso em Belém pode alcançar R$ 80 no início de 2025, segundo vendedores ouvidos pela reportagem. Fatores como a entressafra, mudanças climáticas e altos custos de produção estão pressionando o mercado, afetando tanto comerciantes quanto consumidores.
Em janeiro deste ano, o preço médio do açaí grosso era R$ 32,46, de acordo com o Dieese/PA. Até junho, o valor subiu para R$ 36,04 e, desde setembro, aumentos precoces intensificaram a tendência de alta. Leilões de sacas do fruto por até R$ 1.000 contribuíram para a elevação dos preços, além da baixa produtividade nas ilhas de Belém, agravada pela seca e condições climáticas adversas.
Realidade nas feiras
Comerciantes da Feira da 25 e de outros pontos de venda em Belém relatam os desafios enfrentados. Segundo Leoclides Andrade, vendedor há 26 anos, o litro do açaí grosso já custa R$ 44 e pode chegar a R$ 80 no próximo mês. “A seca e a baixa produtividade das ilhas nos obrigam a trazer o açaí de outras regiões, como Cametá e Muaná, aumentando os custos e reduzindo o lucro”, afirmou.
Elias Guimarães, batedor de açaí no bairro do Marco, ainda consegue manter o litro grosso por R$ 45, mas prevê dificuldades. “A matéria-prima está cada vez mais cara, e o impacto será inevitável. Já estamos no limite”, disse.
Impacto no consumo
O aumento no preço do açaí gera apreensão entre consumidores. Enquanto alguns, como Selma Brito, consideram os valores atuais razoáveis, outros, como Raimunda Almeida, aposentada, planejam buscar alternativas. “Se o preço subir mais, não compro. Tomo açaí no interior, onde é de graça”, comentou.