
Mesmo após quatro anos de obras e um investimento de R$ 233 milhões, a ponte sobre o Rio Araguaia, na BR-153, entre São Geraldo do Araguaia (PA) e Xambioá (TO), permanece inutilizável. Apesar de praticamente concluída, os acessos essenciais para sua liberação ao tráfego ainda não foram finalizados, com apenas 2,2% das obras concluídas, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
Falta de planejamento e impasses burocráticos
A construção da ponte começou oficialmente em fevereiro de 2020, mas o andamento dos acessos tem sido prejudicado por questões como desapropriações pendentes e períodos de chuva. O DNIT informou que as audiências judiciais para desapropriações devem ocorrer até março de 2025, sem previsão concreta para a liberação da ponte ao tráfego.
Moradores e especialistas criticam o planejamento da obra. Segundo um engenheiro consultado, a separação dos contratos entre a construção da ponte e dos acessos gerou descoordenação, atrasos e aumento de custos. “É incompreensível construir uma ponte e não garantir os acessos simultaneamente”, avaliou o especialista.
A ponte, com 1.727 metros de extensão, é crucial para melhorar a integração entre Pará e Tocantins, além de reduzir custos no transporte de cargas. Enquanto isso, os moradores dependem de balsas para a travessia, o que gera mais gastos e transtornos.
A demora para a conclusão da obra, que atravessou três governos federais, tem gerado críticas. “O Brasil tem pressa de obras prontas, mas as que estão quase finalizadas nunca terminam”, afirmou Rodolfo Rizzotto, do SOS Estradas.
Crescimento dos custos e desconfiança
Desde julho de 2024, os gastos aumentaram em quase R$ 18 milhões, alcançando uma média de R$ 485 mil por dia em acréscimos. A falta de transparência e de prazos confiáveis levanta suspeitas sobre a gestão dos recursos e prioridades na infraestrutura rodoviária do país.