O mundo está em alerta por conta do aparecimento da nova variante do coronavírus descoberta na África do Sul e já encontrada em outros países. A Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou essa nova variante como “preocupação” e a ela deu o nome de “Omicron”.
A classificação “variante de preocupação” é a adotada pela OMS para descrever as variações do coronavírus que oferecem mais risco à saúde pública – e a mesma usada para descrever a delta, gamma, alpha e beta.
Não é para menos, existe o temor na comunidade científica de que a variante possa ser “a pior já existente”.
Embora haja poucas informações concretas até o momento, cientistas temem que essa nova versão do coronavírus seja mais mais transmissível e “drible” o sistema imunológico.
Em termos práticos, isso significa não só mais infecções, o que aumenta consequentemente as hospitalizações e mortes, mas a possibilidade de que as vacinas disponíveis hoje possam ser menos eficazes contra ela.
A chave para entender por que a nova variante trouxe tamanha preocupação se deve ao seu alto número de mutações.
Vírus fazem cópias de si mesmos para se reproduzir, mas não são perfeitos nisso. Erros podem acontecer, resultando em uma nova versão ou “variante”.
Se isso der ao vírus uma vantagem de sobrevivência, a nova versão prosperará.
Quanto mais chances o coronavírus tem de fazer cópias de si mesmo em nós — o hospedeiro — mais oportunidades existem para que as mutações ocorram.
Por isso, é importante controlar as infecções. As vacinas ajudam a reduzir a transmissão e também protegem contra formas mais graves da covid.
Diante desse novo cenário, manter as regras sanitárias, os cuidados como uso de máscaras e ampliar a vacinação, são medidas que deveriam ser estimuladas pelo poder público municipal.
Mas não em Belém, pelo menos, não é esse estimulo que a prefeitura passou ao liberar o carnaval de escolas de samba e de blocos de ruas em 2022.
Mesmo com os casos em Belém em baixa e com ampla vacinação da população vacinável, ainda é cedo para que o normal possa substituir o novo normal, dado o aparecimento dessa nova variantes e o recrudescimento de novos casos em alguns países da Europa.
A omicron tem 32 mutações na proteína S (“spike” ou espícula), através da qual o vírus se liga em células humanas para efetuar a invasão em nosso organismo.
Essa é a parte do patógeno que a maioria das vacinas usa para “preparar” o sistema imunológico contra a covid.
Mutações na proteína spike podem, portanto, não só afetar a capacidade do vírus de infectar as células e se espalhar, mas também tornam mais difícil para as células do sistema imunológico atacarem o patógeno.
No caso específico do chamado domínio de ligação ao receptor, uma parte da proteína S que é chave para a ligação do vírus às células humanas e sua infecção, foram encontradas dez mutações em comparação com apenas duas na variante delta, que varreu o mundo.
Segundo a Agência de Segurança em Saúde britânica, a proteína spike da nova variante é “dramaticamente diferente” da usada nas vacinas de covid-19 até agora.
Parece que em Belém, pelo menos, a ciência não está embasando decisões sobre os rumos da pandemia, mas sim o lobby de grupos culturais ligados ao carnaval ao qual o prefeito, Edmilson Rodrigues, tem grande apreço. Rezemos para que isso não nos custe mais vidas perdidas.