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Minério de Parauapebas só deve durar até 2045, aponta Vale em nova projeção

Mesmo com a inclusão de novas minas e rejeitos, Serra Norte entra em contagem regressiva; Canaã dos Carajás será o novo epicentro da mineração no Brasil

A atividade mineradora em Parauapebas, no sudeste do Pará, já tem data para entrar em declínio: 2045. A estimativa consta no relatório anual mais recente da Vale, divulgado à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, e marca a previsão mais precisa já feita pela multinacional sobre o fim das reservas economicamente viáveis de minério de ferro na Serra Norte de Carajás.

A projeção considera não apenas as tradicionais minas de N4 e N5, mas também N1, N2 e N3, além do minério reaproveitável depositado na barragem do Gelado. A inclusão dessas reservas no cômputo oficial elevou o horizonte da mineração na cidade em cerca de 10 anos — antes, estimava-se o esgotamento por volta de 2034.

Mesmo com a entrada das novas frentes de lavra previstas para 2025, a quantidade de minério disponível em Parauapebas representa uma fração do que a cidade já produziu no auge da exploração. Em ritmo atual de extração, de 88,2 milhões de toneladas métricas por ano, a reserva restante — de cerca de 1,568 bilhão de toneladas — pode se esgotar até antes da data estimada, caso não haja redução no ritmo de produção.

O impacto socioeconômico será profundo. Entre 2028 e 2034, com o encerramento das operações nas minas mais antigas, a cidade verá encolher de forma acentuada sua arrecadação com royalties da mineração (Cfem), ICMS e ISS. A queda pode ultrapassar 50% em relação aos patamares atuais, segundo estimativas do próprio setor.

Enquanto isso, Canaã dos Carajás — município vizinho que abriga o S11D, maior projeto de mineração da história da Vale — se consolida como o novo centro das atenções. Com reservas muito mais robustas, a projeção é que a extração em Canaã siga ativa pelo menos até 2068. Os investimentos previstos para a “região” de Parauapebas, na verdade, são majoritariamente destinados à ampliação do S11D e de operações em Marabá, como o projeto Salobo.

A disparidade entre os municípios deve se acentuar. Estima-se que as minas ainda em lavra em Canaã somem valor superior a R$ 21,7 bilhões, contra os R$ 15,3 bilhões de Parauapebas. O futuro que se anuncia não é apenas econômico, mas simbólico: Canaã assume o protagonismo que Parauapebas ostentou por décadas.

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